A utilização do Exame Nacional do Ensino Médio – Enem – como vestibular nas universidades federais poderá trazer dimensões positivas no sistema educacional, segundo avalia a reitora da Universidade Federal de Mato Grosso, Maria Lúcia Cavalli Neder, que esteve semana passada em Sinop. As dimensões, segundo ela, são políticas e pedagógicas. “Política porque democratiza a possibilidade de estudantes de baixa renda a concorrer a várias universidades o que hoje só acontece com famílias de classe média e classe alta que tem condições de colocar o filho em aviões ou ônibus para viajar pelo Brasil”, disse, ao Só Notícias. “Pedagógica pois acreditamos que se todas as universidades federais de alguma forma aderirem ao Enem haverá um reflexo bastante positivo no ensino médio e o currículo desse nível de ensino tenderá a se modificar em razão desse novo exame”, acrescentou.
Outro fator “interessante” apontado pela reitora no melhoramento do nível educacional é a proposta que está sendo encaminhada para o MEC pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas do Enem acumulativo, no qual alunos fariam os exames desde o primeiro ano do ensino médio acumulando os pontos e os somando no final na conclusão do ensino médio. “Isso estimularia o aluno a estudar desde o primeiro ano, não só pensando no terceiro e último ano para o vestibular, mas pensando que todo o ensino médio seria uma base de sustentação para que ele pudesse entrar nas universidades. É uma proposta interessante que poderá servir de base para os próximos anos”, avaliou.
O Ministério da Educação prevê, segundo Maria Lúcia, quatro possibilidades de participação do Enem no vestibular: o exame como forma única; como o exame sendo a primeira fase do vestibular tradicional da instituição; Enem como parte da pontuação do vestibular e, exame como vaga para excedentes. A UFMT, que desde 2002 utiliza a pontuação do exame como nota auxiliar no ingresso as vagas, definirá hoje como será a participação para os próximos anos. A decisão será feita pelo Conselho de Ensino e Pesquisa (órgão máximo da universidade) responsável pelas políticas acadêmicas. Na ocasião, cada conselheiro levará as discussões feitas em cada uma das bases de institutos, faculdades, coordenações de cursos para em seguida ser feita a votação.
“É importante verificar que das 4,3 mil vagas do ano passado, de 2008 para ingressar em 2009, mais de 3,3 mil alunos aprovados utilizaram o Enem como nota auxiliar”, finalizou, destacando a contribuição do enxame na ingressão de alunos na universidade federal.