A decisão da Justiça de libertar o empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin foi aprovada por integrantes da CPI dos Sanguessugas. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) considerou a soltura do empresário como “uma certa recompensa” por ter revelado em depoimento todo o esquema da máfia das ambulâncias.
“Foi prudente soltar. Ele prestou um depoimento longo, de 20 horas, em que deu todas as informações, agregou todos os documentos. Acho que o juiz entendeu que libertá-lo não traria mais prejuízos ao processo. Foi até uma certa recompensa”, disse Gabeira.
Vedoin é sócio da Planam, juntamente com o pai, Darci Vedoin. A empresa é acusado de ser a cabeça do esquema da máfia das ambulâncias que atuava aliciando parlamentares e prefeitos.
Os deputados apresentavam emendas ao Orçamento para compra dos carros e os prefeitos fraudavam licitações para adquirir as ambulâncias a preços superfaturados. A Planam fabricava os veículos.
O deputado ressaltou, no entanto, que o fato de ter sido liberado não exime o empresário de ir à julgamento. A expectativa de Gabeira é que nos próximos dias a CPI tenha acesso ao depoimento de Vedoin que traria detalhes do esquema e dos parlamentares envolvidos.
Revelações
Na avaliação de Gabeira, a decisão do empresário e de outros membros da quadrilha em revelar o que sabem têm relação com o retorno dos denunciados à prisão logo no início do processo. A Justiça de Cuiabá chegou a liberar os acusados, mas a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Ellen Gracie determinou que voltassem à prisão.
“Foi aí que nasceu uma reviravolta. Eles perceberam que ficariam presos mesmo e não seria por pouco tempo. E ainda que nenhum deputado tinha sido preso ou telefonado para lhes prestar solidariedade”, avaliou.
Eles também teriam se sensibilizado quando foram informados que pelo conjunto de crimes que praticaram veriam da cadeia os filhos e netos crescerem.
A CPI dos Sanguessugas vai ouvir o depoimento de Vedoin no próximo dia 25. A expectativa é que ele repita tudo o que contou para a Justiça do Mato Grosso.