quinta-feira, 2/maio/2024
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Silval depõe novamente confirma esquema na compra de área, diz precisava de R$ 1 milhão e culpa Nadaf

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O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) começou seu novo depoimento (o segundo esta semana) à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, relatando que em relação a desapropriação da área no Manso, o processo já tramitava de forma legal dentro do governo, até que o ex-secretário Pedro Nadaf falou que havia a possibilidade de haver um "retorno" no pagamento do imóvel rural. Ao todo, o esquema teria provocado um rombo de R$ 7 milhões aos cofres do governo e teve a autorização do ex-governador.

“Na época dos fatos, quem trouxe esse assunto até a minha mesa foi o então secretário Pedro Nadaf. Tínhamos um problema a resolver, compromisso de contas com várias pessoas e eu determinei o Pedro. Já tinha o compromisso de levantar aonde fosse possível para gente resolver essa situação. E quando tomamos a decisão de fazer essa desapropriação da área do doutor Filinto Correa da Costa, o Pedro Nadaf me falou de uma área para desapropriação. Quem trouxe esse assunto foi o cunhado dele, que é o nosso procurador, doutor Francisco Lima. No passado, o doutor Francisco Lima já tinha falado dessa área”.

O ex-governador afirmou que em reunião entre ele, Nadaf e Chico Lima, este relatou como estava a situação do processo dentro do governo, como estava sendo tramitado. "Nesse momento, tudo de forma legal”. “Pode tocar”, disse Silval a Pedro Nadaf. “Pedro falou: dando certo essa desapropriação, vai ter o retorno que vai dar para cumprir este compromisso, em torno de R$ 1 milhão".

Segundo Silval Barbosa, o processo de desapropriação tramitava na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), mas ele determinou que o caso fosse passado para o Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), onde o então presidente Afonso Dalberto estava a par do esquema e concordou em desburocratizar a desapropriação.

Silval afirma que somente no Centro de Custodia de Cuiabá, soube que houve um "retorno", ou seja, desvio de recurso público maior do que o combinado, do que R$ 1 milhão que precisava para quitar dívidas e teria sido de R$ 3,5 milhões. Por Pedro Nadaf, o ex-governador soube que Chico Lima, Afonso Dalberto e Nadaf também foram beneficiados. Além disso, o empresário Alan Malouf, dono do Buffet Leila Malouf, também recebeu a título de uma dívida da festa de posse.

O ex-governador negou saber da participação dos servidores da secretaria de Meio Ambiente no esquema. “Na época que eu procurei saber com o Chico e o Pedro, eles me explicaram o seguinte: governador está tudo ok essa parte legal, já está tramitando há mais de anos dentro do governo, nas esferas onde é competência de cada um. É uma área que já tem um estudo, é uma área na cabeceira das nascentes do rio Cuiabá. Até foi nominado Parque Águas do Rio Cuiabá. E segundo eles, a Cepemar fez um estudo de toda a cabeceira, não só da área de desapropriação e a área era de 400 mil hectares. Em 2002, saiu o decreto de desapropriação, ainda no governo Dante de Oliveira, de dez mil hectares de uma fazenda. Desapropriou essa área que eles argumentaram que era ou tudo ou parte do doutor Filinto. E sobrou uma área de 700 hectares. Eles falaram que essa parte podia fazer [desapropriação] porque já tinha um estudo”, afirmou Silval, explicando sobre o decreto que autorizou a classificação da área como uma reserva ecológica.

Ele negou a compra duplicada da área. “A informação que tem é que não é a mesma área. A discussão é das matriculas 1063 e 1062. Essa discussão que eu saiba já está definida e pacificada até no Ministério Público”.

Em relação ao superfaturamento, ele disse que "me informaram que era o preço da região, lógico que a gente sabia que era um pouco abaixo por causa do retorno que estava tendo", disse o ex-governador. "Houve superfaturamento?", perguntou a juíza novamente. “Eu acredito que sim, mas não fui eu que determinei”, respondeu Silva Barbosa.

Ele atribuiu a Pedro Nadaf a condução de todo o esquema. "Pedro Nadaf que conduziu todo esse processo e o Chico Lima entra porque o Pedro Nadaf falou que [Filinto Correa] era parente dele. Ele ia acertar como um favor para o parente”.

A juíza também questionou o envolvimento de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ele apenas respondeu que preferia não entrar nessa questão.

Os advogados dos demais réus fazem alguns pedidos de diligências complementares. Entre eles, pedem à juíza Selma Arruda que autorize um reinterrogatório do ex-secretário Pedro Nadaf. Vários advogados insistem no pedido para que Nadaf volte a ser ouvido no processo para esclarecer alguns pontos agora que Silval Barbosa admitiu o esquema e afirmou que a ideia partiu de Nadaf.

(Atualizada às 17h48)

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