A Justiça Federal em Sinop comunicou à Polícia Federal que só poderá decidir sobre a quebra de sigilo das informações recolhidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre o acidente com o Boeing da Gol e o Lagacy, no Nortão, no último dia 29, depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgar de quem é a competência para investigar o caso. O juiz de Peixoto de Azevedo, Tiago Abreu, informou que vai presidir o inquérito. A Polícia Civil e a Polícia Federal estão fazendo as investigações. Por se tratar de apuração sobre supostos crimes envolvendo a segurança de transporte aéreo, a Polícia Federal também instaurou inquérito, informa a Agência Brasil.O pedido para julgamento de competência ainda não havia sido protocolado no STJ.
O delegado da PF em Cuiabá Renato Sayão, responsável pelo inquérito, pediu a quebra de sigilo na terça-feira, depois de ser informado pelo Cenipa que algumas informações seriam repassadas a ele apenas com autorização da Justiça. O sigilo das investigações conduzidas pelo órgão é garantido pela Convenção de Aviação Civil Internacional. Entre os dados protegidos está o conteúdo das caixas pretas dos aviões envolvidos no acidente.
Hoje o delegado Renato Sayão ouviu o depoimento de Daniel Bachmann, funcionário da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Ele era um dos passageiros do jato executivo Legacy que colidiu com o Boeing da Gol no dia 29 de setembro. Bachmann afirmou à PF que desembarcaria do avião em Manaus, onde o jato seria reabastecido e seguiria em direção aos Estados Unidos. Segundo a assessoria da PF, Renato Sayão já definiu quais controladores de vôo deverá ouvir nos próximos dias. De uma lista de 17 controladores que trabalhavam no dia do acidente, o delegado deu prioridade a dez. As datas dos depoimentos não foram informadas.
154 pessoas morreram neste acidente e o cilindro de voz com outros dados sobre a colisão foi encontrado esta semana, por soldados da FAB e Exército, que usaram detectores de metal. Estavam enterrado a aproximadamente 20 centímetros entre os destroços da aeronave.