Uma representação por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), deverá ser apresentada ao Conselho de Ética da Câmara na próxima terça-feira. O pedido será feito pelo PV, PSDB, PFL, PDT e PPS.
Cavalcanti, que permanece em Nova York para uma reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) até o fim de semana, não quis comentar as denúncias de que teria recebido propina mensal para manter um restaurante do Congresso em funcionamento.
Na última segunda-feira, os parlamentares da oposição já haviam protocolado na Mesa Diretora da Câmara documento pedindo o afastamento temporário de Severino do cargo, alegando que as investigações sobre o “mensalinho” poderiam ser comprometidas.
Severino descartou a possibilidade. Por meio de três notas oficiais, negou as acusações de corrupção e pediu à Corregedoria da Casa, à PF (Polícia Federal), ao TCU (Tribunal de Contas da União) e à Diretoria-Geral da Câmara para investigar as denúncias.
As acusações do pagamento de propina ao presidente da Câmara foram reforçadas nesta terça-feira, com a divulgação de um documento publicado no site da revista semanal “Veja”. Datado de 2002, o documento é assinado por Severino e prorroga a concessão para o restaurante Fiorella, do empresário Sebastião Buani, no 10º andar do anexo 4 do Congresso até 2005.
Severino havia negado a assinatura desse documento, que na prática autoriza um período total de cinco anos de concessão para o restaurante de Buani. A revista afirmou que submeteu o documento a um especialista, que confirmou sua autenticidade.
No mesmo dia, o autor das denúncias publicadas pela revista, o ex-gerente da empresa Buani e Paulucci Ltda, do empresário Buani, Iseilton Nascimento, prestou depoimento na PF e reafirmou que Severino teria recebido propina do empresário.
O presidente da Câmara é acusado de receber R$ 10 mil por mês de Buani, para permitir que o empresário explorasse a concessão do restaurante. O pagamento da propina teria sido feito por Buani para manter seu estabelecimento em funcionamento, mesmo após o fim de uma prorrogação de contrato.