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Lula quer confronto com oposição

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pesar de algumas vozes moderadas, que argumentam que não interessa ao governo radicalizar o ambiente político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que precisa partir para o confronto com a oposição. Crê que já passou o tempo de contemporizar.

Auxiliares de Lula dizem ser inegável o fortalecimento da oposição ao longo de 2005. Esse processo teve início na eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara, em fevereiro. A eleição de Aldo Rebelo (PC do B-SP) trouxe fôlego político ao governo, mas a sua vitória não ajudou a melhorar a governabilidade de Lula no Congresso. Aldo ganhou por margem apertada (placar de 258 a 243), dividindo a Câmara ao meio.

A radicalização vista nas CPIs na última semana evidencia que Lula continua a enfrentar forte turbulência política. Há interesse de oposicionistas em estender o trabalho das CPIs até março. Pode ser que o presidente esteja agindo certo ao agir ofensivamente. Mas mais uma vez ignorará um ensinamento da política. Governo evita ao máximo o confronto. A oposição persegue a guerra. O PT, quando oposicionista, soube muito bem tirar proveito desse ensinamento.

Mesmo que Lula não seja atingido pessoalmente pelas CPIs, ainda haverá muitos fatos negativos para o governo nos próximos meses. Fatos que serão retratados todos os dias no noticiário, sobretudo no poderoso “Jornal Nacional”. Se tivesse tentando algum entendimento com a oposição, na eleição de Aldo ou noutro momento recente, talvez não tivesse sido aprovada na CPI dos Bingos a acareação entre o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e os irmãos de Celso Daniel.

Convocar Carvalho para uma acareação é uma tentativa de dar um tiro mortal no presidente. Ele é um dos seus auxiliares mais importantes e íntimos. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, tem se mantido razoavelmente protegido na crise devido aos contatos com a oposição que sempre cultivou. Ela freqüentemente fecha os olhos e evita complicar a vida do ministro da Fazenda.

Tropa medrosa

Nas conversas reservadas, Lula se queixa do “recolhimento” dos ministros e aliados no Congresso, sobretudo os petistas. Acha que o confronto não deveria partir dele, mas da “tropa do governo”. Como houve, na visão de Lula, um “acovardamento” do PT na crise, resta a ele o papel de bater duro.

Isso explica discursos presidenciais recentes, como a retomada de teorias persecutórias e a menção a uma suposta “onda de denuncismo”. Explica também a operação para bancar a qualquer custo a candidatura de Aldo. Lula preferiu o risco a tentar um entendimento com a oposição.

Para os moderados da gestão Lula, um armistício com a oposição ou menos atritos facilitariam a governabilidade e evitariam dissabores nas investigações em curso no Congresso. Esses moderados crêem que seria mais fácil para Lula recuperar cacife e se reeleger em 2006. Acham que Lula pode até sair vencedor, como Aldo saiu, mas será importante saber a qual preço.

A extensão do conflito PT-PSDB para 2006 e 2007 não interessa ao Brasil. Lula e oposicionistas deveriam refletir sobre até onde estão dispostos a se matar.

Vexame político

Vergonhoso o acordo que se desenha para acabar com a chamada verticalização, regra que induz os partidos a reproduzir nos Estados a aliança presidencial. Em 2002, quando Nelson Jobim, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a adotou, houve a suspeita de que tentava beneficiar José Serra, então candidato do governo FHC. Agora, a queda da verticalização atenderia aos aliados de Lula no PMDB, apesar de não ser de interesse do PT.

É uma fatura que Lula pagará ao presidente do Senado, o peemedebista Renan Calheiros (AL), pela ajuda na eleição de Aldo. Pena. Sem verticalização, a farra de alianças estará liberada nos Estados em 2006. É um sinal de incoerência quando a crise atual cobra coerência dos políticos.

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