A Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antag, em parceria com o Governo de Mato Grosso, realiza na próxima sexta-feira, o Seminário Hidrovia Paraguai-Paraná, na sede da Federação das Indústrias do Mato Grosso (FIEMT), às 8h30 em Cuiabá. O seminário faz parte de uma série de eventos e ações da ANTAQ em busca de soluções para os gargalos da navegação interior.
O evento está sendo considerado importante para destravar a navegação numa das maiores hidrovias do país e para trocar experiências, buscar entender quais são os gargalos da Hidrovia Paraguai-Paraná e encontrar soluções para esses problemas. “Nosso objetivo é sempre desenvolver a hidrovia e preservar o meio ambiente, fazendo com que a via seja utilizada da melhor maneira possível, integrando um plano de desenvolvimento sustentável para a região”, declarou o gerente de Desenvolvimento e Regulação da Navegação Interior da ANTAG, Adalberto Tokarski.
De acordo com o gerente, Mato Grosso, por ficar na Região Centro-Oeste, precisa de eficientes saídas para escoar a produção e, por isso, é necessário que a Hidrovia Paraguai-Paraná se desenvolva. “Essa hidrovia serve principalmente como uma das alternativas estratégicas para o escoamento da produção de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Daí sua importância”, explicou.
Murilo Barbosa, diretor da Antag, também ressaltou a importância do encontro acontecer na Capital matogrossense. “O Mato Grosso é um celeiro nacional, grande produtor de soja e gado, e precisa de alternativas eficazes para escoar a sua produção”. Para ele, a Hidrovia Paraguai-Paraná “é uma das melhores opções de transporte para o Centro-Oeste, e o Governo Federal, juntamente com os governos estaduais, precisa resolver os impedimentos jurídicos que existem sobre a implantação de terminais e a navegação nessa via”.
O governador Blairo Maggi, por sua vez, sempre se mostrou muito interessado em debater o assunto e solicitou à ANTAQ a realização do seminário em Cuiabá. A intermediação aconteceu através do escritório de Representação do Governo do Mato Grosso em Brasília, chefiado por Jefferson de Castro, e do articulador político Luiz Antônio Pagot.
A Hidrovia Paraguai-Paraná é um dos mais extensos e importantes eixos continentais de integração. Justamente com o trecho do rio Paraná, abaixo da sua foz, corta metade da América do Sul e vai desde Cáceres (MT) até Buenos Aires, na Argentina. São 3.442 km em águas de corrente livre, sem barragens ou obstáculos para a navegação, ligando o interior do continente ao Oceano Atlântico.
Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina transportam pela hidrovia mais de 15 milhões de toneladas de cargas por ano. De acordo com estatística de 2006, disponibilizada pela Administração da Hidrovia do Paraguai (AHIPAR), considerando-se apenas os terminais sob sua administração, foram movimentadas 3,4 milhões de toneladas. “Os principais produtos transportados nessa hidrovia são o minério e os grãos”, acrescentou o gerente da ANTAQ, Adalberto Tokarski.
Para que a Hidrovia Paraguai-Paraná possa atingir seu pleno potencial, é necessário, por exemplo, que haja melhorias na infra-estrutura de acesso aos rios. Segundo estudo realizado em 2000 pela FIEMT, não havia aduana entre Bolívia e Brasil na região do porto de Cáceres, que se localiza a apenas 90 km da fronteira. Além disso, o acesso ferroviário, pelo lado brasileiro, aos terminais da hidrovia é atualmente inativo.
A limitação de calado também é um problema da Hidrovia Paraguai-Paraná, principalmente no trecho entre Corumbá e Cáceres. Isso permite o manuseio de cargas de clientes que operam em escalas menores, mas restringe o transporte em maior volume.
O rio Paraguai perfaz um total de 2.621 km, tendo sua nascente na Chapada dos Parecis, no Planalto Central Brasileiro, e sua foz no encontro com o rio Paraná, próximo à cidade de Corrientes, na Argentina. Segue em território brasileiro por 1.270 km, delimitando a fronteira entre Brasil e Bolívia por 58 km, e a fronteira entre Brasil e Paraguai por outros 322 km. Após encontrar o rio Apa, adentra terras paraguaias por 932 km, até desembocar no rio Paraná, na fronteira com a Argentina.
Na Argentina, após a confluência com o rio Paraguai, o rio Paraná percorre mais 1.103 km e encontra o rio Uruguai, em Nova Palmira, formando o rio da Prata, acessando diretamente o Oceano Atlântico.