O ex-prefeito Paulo Salim Maluf, 74, e seu filho Flávio, presos na sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo podem passar o fim de semana detidos, caso seus advogados protelem o pedido de habeas corpus.
De acordo com a subsecretaria da terceira turma do TRF (Tribunal Regional Federal) –que deverá receber o pedido de habeas corpus de Maluf e Flávio, impetrado por seus advogados–, nenhuma solicitação foi feita ainda.
Maluf e seu filho se entregaram à PF neste sábado, após a juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo, na sexta-feira, aceitar o pedido de prisão preventiva contra eles.
Os dois são acusados de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Se condenados, a soma das penas mínimas é de oito anos de prisão.
Teor da decisão
Os advogados de Maluf e Flávio, José Roberto Leal, Ricardo Tosto e José Roberto Batocchio informaram que vão pedir pela libertação de seus clientes por entender que “as prisões não tiveram fundamentos jurídicos”. Entretanto, eles disseram que antes necessitam conhecer o teor da decisão da Justiça.
A demora na entrada do pedido de habeas corpus pode ser uma tática dos advogados para fundamentar melhor a defesa. O processo, que corre em segredo de Justiça, segundo a assessoria da Justiça Federal, encontra-se na secretaria do Fórum Federal Criminal do bairro Cerqueira Cesar (zona oeste) e só poderia ser solicitado na próxima segunda-feira.
A prisão preventiva tem prazo indeterminado e foi aceita pela juíza com base em escutas telefônicas feitas pela PF, nas quais Flávio apareceria tentando induzir o depoimento do doleiro Vivaldo Alves, também envolvido nas acusações. A juíza entendeu que Maluf e seu filho, em liberdade, poderiam atrapalhar o andamento do processo, ocultar provas e coagir testemunhas.
Além do pedido de prisão preventiva, a juíza aceitou, na noite desta sexta-feira, todas as denúncias do Ministério Público contra o ex-prefeito e seu filho Flávio, o doleiro Alves e o ex-diretor da construtora Mendes Júnior Simeão Damasceno de Oliveira.
Algemas
Flávio, que estava em uma fazenda no município de Dourado, interior paulista, chegou algemado à sede da Superintendência da PF por volta das 8h30, acompanhado por agentes federais. A exemplo de seu pai, que se entregou horas antes, por volta de 0h30, Flávio não concedeu entrevista.
Maluf, ex-prefeito de São Paulo, chegou à PF em um Santana preto, acompanhado por advogados e seguranças e, durante a madrugada, passou por exame de corpo de delito. Visivelmente abatido, Maluf se recusou a falar com os jornalistas.
Segundo a assessoria do ex-prefeito, ontem Maluf estava em Campos do Jordão (SP), quando foi informado do pedido de prisão preventiva. Ele deveria ser preso só no início da manhã deste sábado, mas se antecipou e foi para a sede da PF.
Informações ainda não-confirmadas dão conta que o ex-prefeito, muito abalado, pediu para ficar ao lado de seu filho, que teria chorado ao chegar à Superintendência da PF. Eles estariam agora dividindo a mesma cela. Após a prisão, os advogados do ex-prefeito levaram colchão e travesseiro para a PF.
Habeas corpus
O expediente da subsecretaria da terceira turma do TRF (Tribunal Regional Federal) –que deve receber o pedido de habeas corpus de Maluf e de Flávio–, encerra-se às 12h, mas o plantão do TRF funciona 24 horas.
Assim, caso os advogados do ex-prefeito e de seu filho entrem com o pedido de habeas corpus ainda hoje, funcionários do TRF serão chamados para encaminhar o pedido ao desembargador Márcio Moraes, que decidirá sobre o caso.