O procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, fechou um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF). A informação consta em um ofício encaminhado pela procuradora Vanessa Cristina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnami ao então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em julho do ano passado.
O documento foi juntado a um dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta da Operação Malebolge. Fontes ligadas ao judiciário afirmam que, até o final do ano passado, o acordo de Lima não havia sido homologado. A reportagem não conseguiu localizar os advogados do procurador aposentado para comentarem o assunto.
O documento assinado por Vanessa é datado de 24 de julho do ano passado. Três dias depois, durante uma audiência na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, a defesa de Lima foi questionada pela juíza Selma Rosane Santos Arruda sobre a homologação do acordo. Em resposta, os advogados destacaram que uma eventual colaboração não estava fechada.
O questionamento da juíza fez aumentar os rumores a respeito da suposta delação. Isso porque semanas antes do fato, Lima havia trocado sua banca de defesa, passando a ser assessorado pelos advogados Marcelo Neves e Rafael Faria, do Rio de Janeiro, e iniciando uma série de confissões nas ações penais referentes às operações Sodoma e Seven, na 7ª Vara Criminal. Antes, ele contava com os advogados João Nunes da Cunha Neto e Otávio Gargaglione e insistia na estratégia de negar as acusações do Ministério Público Estadual.
Até o momento, o procurador aposentado foi condenado a 15 anos de prisão, na ação penal decorrente da primeira fase da operação Sodoma. O processo apurou a cobrança de propina para a concessão de incentivos fiscais a uma empresa. Outras cinco pessoas respondem a este processo, entre elas o ex-governador Silval Barbosa e o ex-secretário Pedro Nadaf, ambos colaboradores do MPF.
Na sentença, proferida em 15 de dezembro do ano passado, Selma destacou a ganância de Francisco Lima Filho, lembrando que durante o andamento processual, ele foi citado por outros réus que disseram que os membros da organização criminosa instalada no governo deveriam tomar cuidado com ele porque senão venderia até mesmo o Estado.