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Quadrilha lesa INSS em mais de R$ 3 milhões e ”ressucita” mais de 300 mortos

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A “Quadrilha dos Mortos-Vivos”, uma das maiores da história das investigações da Polícia Federal de Mato Grosso nos últimos anos, desarticulada no dia 20 de abril de 2004, está prestes a ser julgada e com fortes indícios de que será condenada. Foram 19 pessoas indiciadas, todas já denunciadas pelo Ministério Público Federal. Os interrogatórios de julgamentos começam amanhã na 2ª Vara Federal no Tribunal de Primeira Instância de Mato Grosso.
     
Nas investigações, o delegado Renato Sayão Dias, de 34 anos, juntou provas de que a funcionária pública federal , Fátima de Lurdes Ribeiro da Silva , que liderou por cinco anos a quadrilha que lesou mais de R$ 3 milhões dos cofres do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
     
Fátima usou um próprio filho, quatro irmãos e uma cunhada para “ressuscitar”, pelo menos 300 pessoas mortas, que voltavam do túmulo para receber suas aposentadorias ou pensões extintas, religiosamente, todos os meses.
     
O primeiro passo da quadrilha era de Fátima, chefe do Posto de Benefícios e Pensões do INSS de Várzea Grande (Grande Cuiabá). Era ela quem identificava os benefícios extintos por morte do beneficiado, cuja família nunca volta ao INSS , para dar baixa nos papéis que sepultam de uma vez o pagamento.
     
Os “mortos” retornavam guiados por Fátima, que comandava os documentos para que a pessoa – no caso as pessoas mortas -, voltassem a receber, inclusive todos os atrasados que deixaram de receber durante o período. Só que, com uma novidade: O Morto-Vivo ganhava, entre outras coisas um nono endereço, para onde os cartões-benefícios eram enviados. “Ela mesmo comandava tudo”, afirma o delegado Renato Sayão, que chefiou pessoalmente a operação, as investigações e presidiu o inquérito.
     
Com os cartões em mãos, Fátima orientava uma outra funcionária, também integrante da quadrilha, para que providenciasse uma procuração para uma outra pessoa, a maioria da família dela (seis pessoas que não eram funcionários do INSS), além de seis funcionários – incluindo Fátima, a líder -, outras sete pessoas de fora do INSS, mas todas de confianças dela e da quadrilha.
     
 “Todos os meses, na data marcada, as pessoas que estavam com as procurações e mais de 300 cartões compareciam aos caixas eletrônicos ou diretamente nos caixas das agências bancárias, sacavam o benefício e entregavam à Fátima. Ela repartia o dinheiro. Era assim que funcionava”, conta o presidente do inquérito.

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