De uma coisa ninguém duvida: os marqueteiros das campanhas eleitorais têm incentivado os políticos a apresentar uma propaganda (na verdade publicidade) exatamente igual aquela que se fazia no século passado. E o que é pior: emporcalhando nossas cidades com o uso daqueles malditos cavaletes e assemelhados (bonecos, displays etc.).
O modo de fazer campanha eleitoral se repete há pelo menos duas gerações sem apresentar nenhuma mudança, o primeiro modelo data dos anos 90, quando Fernando Collor foi eleito presidente do Brasil. De lá prá cá o mundo deu uma guinada, a União Soviética não mais existe, os norte americanos foram da era da Ku klux klan para a eleição de um negro na presidência, mulheres nuas fazem protestos contra tudo (assim você me mata!) e garotos na internet derrubam ditadores ao redor do mundo.
Mas no marketing político verde e amarelo o tempo parou, contrariando a ideia de Cazuza!
Ora, numa cidade em que o trânsito é o caos, que os buracos nas ruas e das "obras" da Copa do Mundo já são naturais limitadores de velocidade e se constitui em fator de "imobilidade urbana", por que ainda temos que conviver com esse lixo eleitoral, bonecões nos canteiros, placas enormes nas esquinas, mostrando falsos sorrisos "fotoshopados"?
Estariam a zoar da nossa cara?
Por isso é preciso conclamar: para vereador ou prefeito, vote no cavalete (mas não no candidato que ele veicula).
Convenhamos, nos bairros mais distantes, nas comunidades mais pobres, pode faltar um posto de saúde em pleno funcionamento, comida na mesa do cidadão, mas não faltará um cavalete na rua principal. Então a solução é a dona de casa pegar esse "artefato de campanha" e levá-lo ao fogo, cozinhando o feijãozinho, com farinha e carne de sol.
É o cavalete promovendo o "fome zero".
Algumas vezes é possível observar que os ônibus passam pelo ponto onde estamos, lotados, não param nos setores mais populosos e que necessitam do transporte de massa. Um desrespeito, que leva inclusive algumas pessoas a perder o horário de trabalho ou da escola. A solução, mais uma vez, é o cavalete, naturalmente. Pegue um desses (ou vários), coloque-os no meio da rua que aí o ônibus vai ter que parar! E depois, eleitor insolente, não venha me dizer que o cavalete não apresentou uma grande alternativa para o transporte público da sua cidade!
Mas há uma outra utilidade para os cavaletes de campanha, e esta é de longe a mais útil e que gera resultados mais duradouros, basta dizer que ela, como aquela publicidade do cartão de crédito, não tem preço.
Ela consiste em você abordar o candidato porcalhão que espalha cavaletes pelas ruas da sua cidade, verificar se ele de fato possui ideias próprias e se tem propostas viáveis para os dilemas suportados diariamente pelos cidadãos. Em caso negativo, dobre o cavalete, faça movimentos giratórios no ar e atire sobre ele, mostrando o peso da indignação popular com esse modo arcaico e inútil de fazer campanha eleitoral.
Pós scriptum: cavaletes não são candidatos, então não é possível votar neles. E nem é indicado votar nas imagens que eles carregam.
Antonio Cavalcante e Vilson Nery são ativistas do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral)