A Vila Belmiro lotou neste domingo para prestigiar o clássico dos líderes entre Santos e Palmeiras e o duelo particular entre os técnicos Wanderley Luxemburgo e Emerson Leão. Bastante movimentado, o clássico agradou aos quase 20 mil torcedores que enfrentaram o calor de quase 40 graus, e no final, a vitória santista por 1 a 0 fez justiça a equipe que mais procurou o gol, especialmente no segundo tempo do clássico.
Com o resultado, o Peixe chegou a 31 pontos na competição e, pela primeira vez, abriu real vantagem sobre o Palmeiras, que permaneceu com 26. Mesmo que vença o compromisso a mais que tem por fazer, quarta-feira, contra o América de São José do Rio Preto, em São Paulo, o time do Parque Antártica não alcançará o Peixe na ponta.
Na próxima rodada, o Peixe vai a Campinas para encarar o Guarani, domingo, às 16 horas. Já o Palmeiras voltará a campo na quarta-feira para enfrentar o América, no Parque Antártica, em jogo adiado da 12ª rodada. No fim de semana, o compromisso do Alviverde será contra a Portuguesa, sábado, no Canindé.
O jogo: Como já era esperado, o clássico começou a todo vapor. Enquanto Geílson, de cabeça, tirou tinta do travessão de Sérgio aos dois minutos e perdeu um gol feito aos quatro, Juninho Paulista, de volta aos gramados após três meses contundido, mostrou seu cartão de visitas ao chileno Maldonado, colocando uma bola por entre as pernas do volante e sendo derrubado na seqüência, perto da área. Para controlar os ânimos, o árbitro Luiz Marcelo Vicentin Cansian distribuiu três cartões amarelos em menos de sete minutos, dois para jogadores santistas.
Cléber Santana, um dos contemplados, resolveu mostrar serviço e arriscou um belo chute da intermediária. A bola explodiu na trave, nas costas de Sérgio e voltou para Rodrigo Tabata, que perdeu a disputa com o goleiro palmeirense e não conseguiu tirar o zero do placar. O jogo continuou movimentado e o Palmeiras esboçou uma leve pressão, conseguindo três escanteios consecutivos, mas sem sucesso na seqüência das jogadas. No primeiro escanteio a favor do Santos, no entanto, a grande polêmica do primeiro tempo. Geílson tentou o chute e a bola explodiu nas mãos do zagueiro Daniel. O árbitro considerou o lance legal e mandou a jogada seguir.
A correria tão temida e criticada pelo técnico Leão continuou dando a tônica do espetáculo no primeiro tempo. Em um rápido contra-ataque, Rodrigo Tabata lançou Geílson pela direita, mas o cruzamento do camisa sete para Magnum foi defeituoso e o Santos acabou perdendo o gol. Na cobrança do tiro de meta, Sérgio deu um chutão, Manzur falhou feio e deixou a bola sobrar para Marcinho. Com habilidade, o camisa 11 gingou na frente de Ronaldo e bateu, com perigo, à esquerda de Fábio Costa.
O Palmeiras continuou mais objetivo na partida e levando perigo constante com escanteios consecutivos contra o time santista. Juninho Paulista, caindo bastante pelo setor direito, confundia o sistema de marcação do Peixe, que não conseguia mais armar um bom lance ofensivo. Antes do intervalo, o Verdão chegou mais vezes com extremo perigo, e só não desceu para os vestiários em vantagem porque Fábio Costa antecipou bem o lance de Marcinho e evitou o que seria um belo gol por cobertura. Aos 40, foi a vez de Juninho obrigar a “Muralha” a fazer milagre e aos 42, Maldonado corrigiu a besteira de Cléber Santana e travou Marcinho, que tinha tudo para fazer o primeiro gol palmeirense.
Pressão total : O Peixe voltou para o segundo tempo com duas mudanças e um esquema tático diferente. Insatisfeito com o rendimento de sua equipe, Luxa sacou o zagueiro Ronaldo para a entrada do meia Léo Lima e trocou Magnum pelo atacante Reinaldo. Mais ofensivo, o Alvinegro praiano começou pressionando. Reinaldo, bem no jogo, fez lindo lance e serviu para Geílson, mas pela quinta vez na partida, o atacante entrou em posição de impedimento.
Aos oito, logo depois de Leão trocar Ricardinho por Washington, o Peixe balançou a trave de Sérgio pela segunda vez. Léo Lima fez a jogada pela esquerda e cruzou. A zaga afastou e Maldonado, na sobra, carimbou o poste esquerdo. Na seqüência foi a vez de Reinaldo balançar em frente à zaga e soltar a bomba, obrigando Sérgio a operar o milagre.
Aos dez minutos, mais uma vez as atenções se voltaram para a arbitragem. Geílson recebeu dentro da área, deu o corte em Correa e foi para o chão. O árbitro mandou o lance seguir, provocando a ira da torcida santista, que queria a marcação do pênalti.
O Santos continuou encurralando o Verdão no campo de defesa. A pressão foi tanta que Leão abriu mão do talento de Edmundo para reforçar a marcação com o novato zagueiro Thiago Gomes, aos 16 minutos. Diante de tanta ineficiência de Tabata, que não marcou, não criou e só errou, Luxemburgo sacou o “Samurai” para a entrada do voluntarioso Wendel, equilibrando novamente o duelo no setor de meio-campo.
O duelo tático entre os dois técnicos de maior prestígio no país continuou até o fim. Enquanto os comandados de Luxemburgo mandavam na partida mas pecavam na hora da definição, os soldados de Leão apostavam as últimas fichas nos contra-ataques e nos possíveis deslizes dos defensores do Peixe.
Quando tudo caminhava para um justo 0 a 0, o Santos conseguiu um escanteio na raça. Léo Lima cobrou, Wendel foi seguro por Correa e o árbitro mandou o lance seguir. Na seqüência, o mesmo Wendel levou uma trombada do goleiro Sérgio, e aí não teve jeito. Bola na cal. Na cobrança, aos 39 minutos, Léo Lima deslocou Sérgio e garantiu a vitória e a liderança legítima do Santos.