O Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) denunciou a suposta tentativa de intimidação dos servidores da Educação, que paralisaram as atividades desde a última quarta-feira (30), por parte do prefeito Juarez Costa (PMDB) e da Secretaria Municipal de Educação. De acordo com o diretor regional do sindicato, Valdeir Pereira, em uma reunião, houve ameaça de corte de salários e benefícios. “Diversos diretores e coordenadores pedagógicos relataram uma ligação do prefeito na qual ameaçava desconto dos dias paralisados e retirada das duas horas de redução na jornada de trabalho, aprovada pela Executivo”, explicou, ao Só Notícias.
Valdeir criticou a suposta intimidação, que, teria sido feita pela secretária de Educação, Gisele Faria de Oliveira, a qual teria afirmado para os participantes da reunião a posição do prefeito Juarez Costa. Segundo ele, o caso fere o direito de manifestação da categoria. “Repudiamos, porque se trata de uma forma arbitrária de tratar os trabalhadores. Esta situação, se repete, mais uma vez, tal qual na greve de 2014, em que também houve corte de salários. Se esta for a atitude novamente, vamos tomar as medidas cabíveis”.
Esta tarde, os servidores encerrarão os três dias de paralisação, com uma assembleia geral na sub-sede do Sintep e, em seguida, carreata pelas principais ruas de Sinop. O objetivo, de acordo com o cronograma divulgado do sindicato, é demonstrar “a falta de posicionamento e posição intransigente da prefeitura, além da desvalorização da categoria”. Valdeir destacou que falta também estrutura nas unidades educacionais. “A escola Aleixo Schenatto, por exemplo, está praticamente interditada. O teto de uma das salas desabou e poderia ter causado um acidente de graves proporções, caso fosse dia letivo”.
Outro ponto criticado pelo Sintep é a falta de profissionais nas creches e escolas da rede municipal. “Não se tem estrutura pedagógica. Tem escola no Camping Club com déficit de três professores. Na creche no Alto da Glória também faltam profissionais. Há ainda o negligenciamento de funcionamento de prédios locados e o centro educacional, por exemplo, que já deveria ser inaugurado, porém, está fechado. Isso não é um ataque ao sindicato, mas, sim, à sociedade, que paga seus impostos e não tem retorno de qualidade no ensino público”.
As manifestações começaram na terça-feira (29), com mobilização nas creches e escolas e debate com as comunidades. Na quarta-feira, foi deflagrada a paralisação por tempo determinado de três dias, com ato público e passeata pela avenida Júlio Campos. Ontem, a categoria se reuniu na praça Plínio Callegaro e “marchou” até a sede da prefeitura, na avenida das Embaúbas, onde fizeram uma aula pública sobre valorização profissional e condições de trabalho.
Em todos os dias de manifesto, os profissionais utilizaram cartazes e faixas para criticar duramente a prefeitura. “Não vamos aceitar as retaliações” e “Prefeito, por que fomos excluídos das 30 horas?” (cartaz carregado por técnicos), foram algumas das mensagens passadas pela categoria. “Agora as mobilizações passarão para dentro das unidade educativas e queremos trazer a comunidade para debater todos estes pontos que estamos vivenciando com a educação de Sinop”, afirmou Valdeir.
Outro lado
Só Notícias entrou em contato com a secretária de Educação que negou, veementemente, qualquer tentativa de intimidação dos trabalhadores. “Não tenho esta atitude. Até gravei a reunião para evitar comentários desta natureza. Enquanto administração, solicitei ao jurídico a legalidade da paralisação. As pessoas que representam a administração respondem por todos os atos. Assim sendo, precisam garantir amparo legal. Sou professora efetiva e tenho que zelar pela minha responsabilidade”.
Segundo Gisele, todos os decretos e leis sobre a redução da jornada foram esclarecidos diante da presença de uma advogada. “Ainda foi explicado porque não é possível avançar em todas as reivindicações de uma só vez e que esta gestão tem avançado gradativamente, conforme preveem as leis. Neste ato, nos colocamos à disposição da categoria”.
(fotos: Só Notícias/Luiz Ornaghi)