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Governo e universidades divergem sobre atual sistema de avaliação do ensino superior

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Pró-reitores de diversas universidades de todo o país criticaram hoje (3) o atual sistema de avaliação do ensino superior brasileiro. Eles participaram do seminário Avaliação da Graduação e indicaram que um dos principais pontos de divergência é a divulgação do ranking de instituições feito a partir dos índices divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Para Germano Rigazzi, pró-reitor de graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, a prática da avaliação é importante, mas a formulação e a implementação de indicadores como o Conceito Preliminar de Curso (CPC) precisam ser revistas. Ele lembrou que 70% do índice, atualmente, tem como base a avaliação feita pelos próprios alunos universitários e que o Ministério da Educação (MEC) deveria oferecer “elementos mais objetivos” para a composição do conceito.

Questionado sobre o ranking das melhores e piores instituições de ensino superior do país, ele afirmou que a adoção da medida é “complicada”, sobretudo em um momento em que o Inep apresenta um índice considerado “preliminar”.

“Nessa fase, as instituições têm uma nota que ainda não é definitiva e que depende de uma avaliação in loco. Uma lista apoiada em conceito preliminar pode gerar equívocos. Temos que aparar algumas arestas. Estamos em uma fase de conhecer mais nitidamente os instrumentos, nos seus detalhes e na sua composição, para aí então avançar na sua qualificação”, defendeu o representante da PUC Campinas.

Outros representantes de universidades também questionaram a validade de se avaliar cursos de graduação por meio de listas de classificação. Entre as sugestões apresentadas estava a de que a nota dada pelo Inep seja divulgada apenas para a própria intituição e não para o público.

A diretora de avaliação da educação superior do Inep, Iguatemy Martins, afirmou que a avaliação da educação superior no Brasil é realizada, atualmente, em cima de três pilares: o estudante, o curso e as instituições. Ela admite que o processo é sempre “polêmico” uma vez que não há um consenso mundial sobre o que e como avaliar, além de quais seriam os melhores instrumentos e os melhores avaliadores.

“A divulgação da lista [de instituições] não é prematura, é fruto de toda uma análise que o Inep e o MEC fazem. Ela corrobora aquilo que está consignado na lei do Sinaes [Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior] que é a divulgação ampla e transparente de todos os índices, conceitos, resultados e relatórios que forem feitos no âmbito da avaliação.”

Ela acredita que o ranking representa uma “demanda” própria da sociedade ao querer comparar as instituições e os cursos disponíveis. Para Iguatemy, a estratégia do Inep, ao utilizar índices como o CPC, consiste em convergir dados de um universo de cerca de 28 mil cursos de graduação. “É preciso dizer que esses estão mais frágeis e esses precisam do nosso olhar”, afirmou.

O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, confirmou que há muitas opiniões divergentes em relação ao atual processo de avaliação. “Geralmente, aqueles que foram melhor avaliados estão mais satisfeitos e aqueles que foram pior estão menos satisfeitos”, disse. Segundo ele, entretanto, não há perspectiva de alterações em curto prazo.

“Por enquanto, não tem nenhuma mudança em vista. Se conseguirmos uma forma melhor de medir o que a gente quer, a gente muda. Eu solto os dados. Se alguém toma a interpretação da forma como acha mais correta, não posso ser responsabilizado. A única forma de impedir isso é não divulgar os dados, e isso a gente não vai fazer. Eu sou obrigado a divulgar os dados que eu colho da sociedade.”

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