Após subir quase três por cento em três sessões, o dólar recuou fortemente nesta sexta-feira, acompanhando a melhora no cenário externo. Nem mesmo um leilão de compra de dólares do BC conteve a valorização do real.
A divisa norte-americana encerrou o dia em queda de 1,88%, a R$ 2,249, na menor cotação da sessão. Na semana, no entanto, o dólar acumulou alta de 0,85%.
Nas últimas sessões, um forte movimento de realização de lucros em ativos de mercados emergentes impulsionou o dólar 2,78% sobre o real e fez o risco-país subir. A principal preocupação dos investidores era de que os juros norte-americanos precisassem subir mais para conter a escalada da inflação no país.
Mas nesta sexta-feira, dados da economia dos Estados Unidos vieram em linha ou acima do esperado e contribuíram para uma melhora no cenário em geral. Nesta tarde, a porção brasileira do EMBI+ recuava 11 pontos, para 372 pontos-básicos sobre os Treasuries.
“Se grande parte da alta nos últimos dias foi atribuída à piora no mercado lá fora, hoje aconteceu o movimento contrário”, comentou André Kitahara, operador de derivativos do Rabobank.
Para o responsável pela área de câmbio de uma corretora nacional, que preferiu não ser identificado, houve um pouco de exagero no movimento dos últimos dias que acabou se refletindo na forte queda do dólar nesta sessão.
“Com a declaração dos membros do Fed preocupados com a inflação norte-americana, houve uma certa realocação de portfólio dos hedge funds que fez os mercados emergentes sofrerem um pouco”, disse ele.
Ele se referia ao comentário do presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, de que o núcleo da inflação norte-americana está perto do limite superior tolerado pelo Fed.
“E aqui você tinha os ativos esticados, o dólar na mínima, ou seja, o cenário ideal para que com qualquer fagulha o mercado realizasse, e o mercado estava com apetite para isso.”