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Cadastro aponta que 34% das demissões são voluntárias em MT

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Avança o número de pedidos de desligamentos voluntários em Mato Grosso. Trinta e quatro porcento das demissões ocorridas no 1o bimestre do ano foram por iniciativa dos próprios trabalhadores. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que dos 60,184 mil cortes ocorridos em janeiro e fevereiro, 20,914 mil foram espontâneos. Já no último bimestre de 2011 (novembro e dezembro) o percentual de saídas solicitadas pelos empregados foi de 27%, somando 19,328 mil do total de 71,101 mil demissões.

Um dos motivos para deixar o emprego é a intenção de abrir o próprio negócio, mesmo com os riscos que o projeto oferece. Em junho de 2011, a jornalista Aline Bando e a publicitária Daniela Gonçalves se tornaram sócias da loja franqueada Baby Chocolate, que atua no segmento de roupas para recém-nascidos até 1 ano. Como profissional Aline recebia mensalmente R$ 3 mil, mas não estava conseguindo conciliar as duas atividades e decidiu abandonar o emprego para se dedicar totalmente à empresa que já lhe rende um faturamento maior. Thalita Araújo também deixou o jornalismo para segundo plano após investir na franquia MilMilkshakes, que foi inaugurada em março de 2011. Ela se diz pronta para os 2 primeiros anos de dificuldades no mercado até se estabelecer.

Órbita Peres Ferreira, saiu do caixa de um banco, onde recebia 3 salários mínimos, para o balcão da sua própria loja de artesanato. O que era uma terapia virou negócio e Órbita investiu todas as economias em materiais. Maior vantagem, segundo ela, não é financeira. É a escolha que pode fazer todos os dias em relação as suas metas e o horário de trabalho. Isso também pesou na decisão de Weber Souza de abrir um loja especializada na fabricação e venda de picolés, a Cremutty. Junto à esposa, o analista de sistema inaugurou a empresa em maio de 2011 e no fim daquele mesmo ano pediu demissão do emprego de professor e passou a se dedicar ao negócio da família, um grande sonho adiado por alguns anos. Antes disso, fizeram pesquisa de mercado e cursos de capacitação na área. Investimento inicial foi de R$ 50 mil.

Preparação é importante para quem deseja se tornar patrão, alerta a consultora organizacional Marluce Dezorzi, ao afirmar que nem todo mundo tem "veia" empreendedora. Para a especialista, a decisão de deixar o emprego nem sempre acontece por um bom motivo. "As pessoas não têm mais paciência para fechar ciclos profissionais e deixam de ganhar experiência trocando de empresa, às vezes, por pouca diferença salarial e em um curto espaço de tempo".

Há 15 anos Mabel Cristina do Nascimento é segurança de patrimônio. Depois de tanto tempo na função, se diz cansada de trabalhar nos fins de semana e começa a pensar na possibilidade de entrar na estatística apurada pelo Ministério do Trabalho. Assim como ela, Ana Paula de Oliveira, 30, fez há alguns meses. Trabalhava o dia todo por R$ 622 e decidiu pedir demissão assim que encontrou outra vaga de serviços gerais onde também receberia um salário mínimo, mas com expediente de meio período, dando a ela a oportunidade de cuidar dos 3 filhos pela manhã.

Mercado – Regulamentação de algumas profissões como empregada doméstica mexeu com o mercado, analisa Mateus Rodrigues, gerente do Departamento de Pessoal da Agência de Empregos Chance. Segundo ele, antigamente era preciso ao menos 5 referências para garantir o emprego, mas hoje sobram pedidos e faltam interessados. Mesmo aquelas pessoas que trabalham na área fazem cursos para buscar salários melhores. Muitos candidatos são de fora, estrangeiros que estão em Cuiabá fazendo serviço braçal e querem voltar para suas áreas. "Tem até contador com curso superior trabalhando nestas atividades".

Para a agência, essa rotatividade tem sido "saudável". Rodrigues conta que há 2 anos apenas 10% das pessoas cadastradas eram contratadas. Empresas optavam por candidatos que morassem perto para evitar gastos com passagem de ônibus, mas hoje pessoas vêm de Santo Antônio de Leverger para Cuiabá e escolhem a vaga, geralmente no setor da construção civil. Com o mercado aquecido, 80% dos cadastrados são empregados e todos os dias surgem novas vagas.

Segundo dados do Caged, em fevereiro deste ano 30,145 mil pessoas foram admitidas em Mato Grosso, 10,3% a mais que no mesmo mês de 2011, quando somaram 27,307mil. Durante 8 anos José Wilson Silva foi sócio de uma empresa de transporte interestadual e desistiu do negócio. "Estava trabalhando mais e o lucro não compensava", conta o motorista que voltou a ser empregado para receber R$ 2,8 mil por mês. Jucieni Cassiana Gonçalvez foi forçada a abandonar o emprego quando sofreu um acidente e ficou 21 dias em coma. O carro onde ela estava com alguns parentes colidiu de frente com uma carreta. Sequelas no pulmão, que foi perfurado, e nas costelas, que quebraram durante o impacto, deixam a dúvida sobre quando, e se ela vai poder voltar ao mercado de trabalho. Por enquanto, o último registro na carteira de trabalho foi dispensa por justa causa.

Legislação – Ao considerar as leis trabalhistas vale destacar que quando uma pessoa pede dispensa, não vai deixar de receber o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), esclarece Amarildo Borges de Oliveira, chefe da Inspeção do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso (SRTE). Valor fica depositado até outro possível desligamento ou se o trabalhador ficar desempregado por 3 anos, ou mesmo no momento da aposentadoria. No entanto, se o empregador e o trabalhador simularem uma rescisão para a retirada do seguro- desemprego, ambos podem responder uma ação penal.

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