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Chile e Venezuela

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Para fugir do carnaval, estou no Chile, o mais adiantado país da América Latina. Seu presidente recém-eleito, Sebastián Piñera, assume dentro de um mês e já anunciou que sua primeira visita no exterior será ao presidente Lula. O desafio de Piñera será ampliar a cobertura social do país de modo conciliado com a economia liberal, que vem sendo mantida há 30 anos. Foi Pinochet que introduziu essa política, com seus Chicago Boys. Os governos socialistas que se seguiram por 20 anos, mantiveram essa política, que antes chamavam de neoliberal e o Chile passou a ser o primeiro exemplo bem sucedido de crescimento sustentado na América Latina.

    Pinochet, enquanto detinha o poder político, comandou a abertura econômica. No Brasil, os militares promoveram antes a abertura política e depois ninguém mais teve poder para fazer a abertura econômica. Na economia, o divisor de águas foi o Plano Real, que acabou com a hiperinflação. E depois, em dois períodos de governo, Lula teve a sensatez de manter o que antes chamava de política neoliberal. O Brasil já estava influenciado pelo modelo chileno desde 1999, depois da crise cambial. Como o Chile começou antes, ainda tem grandes diferenças sobre o Brasil. O juro deste ano no Chile é de 2,5 ao ano! A dívida pública é apenas 4,3% do PIB; no Brasil, é dez vezes isso. E a poupança interna é de quase um quarto do PIB; aqui, de 17%.

    Economia aberta, o Chile tem acordos comerciais com os Estados Unidos, Comunidade Européia, China e ao país não interessa o engessamento ao Mercosul. Seu Banco Central é autônomo por lei, não por concessão arbitrária. Pela sua estabilidade política, pela continuidade da política econômica, pelos índices de desenvolvimento humano(IDH), o Chile é a estrela da América Latina. Os brasileiros que se informam sobre Piñera ser direita e Michelet ser esquerda, têm uma noção totalmente diferente do que seja esquerda e direita no Chile. O Chile já saiu há tempos dessa concepção dos anos 50. O que vai acontecer com o novo presidente, é que ele vai ampliar a diferença entre a democracia chilena e o obsoletismo do populismo demagógico, do autoritarismo, do falso socialismo, vigentes na Venezuela, no Equador, na Nicarágua, na Bolívia.

    Brasil, Colômbia e Peru têm governos pragmáticos. O Paraguai de Lugo é uma interrogação e a Argentina dos Kirchner… pobres argentinos, não merecem os governos que têm. Chile e Venezuela são dois extremos. De Cuba, com o mais antigo ditador do mundo, já nem é preciso falar. O fracasso é por demais eloqüente. Venezuela e Chile são dois modelos. O  vizinho do norte,  modelo do que não se deve fazer, do que se deve evitar. Já o Chile é o modelo da modernidade, da estabilidade política e econômica.

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