Aqui na Capital do País, a população está acuada pelo crime. Mata-se uma dúzia de pessoas por fim-de-semana. Isso equivale ao número de homicídios em Roma num ano inteiro. Uma sucessão de governadores que não deram a devida importância à segurança dos cidadãos é uma das causas de tantos assassinatos, assaltos e sequestros. O que se passa na capital é um resumo do que aflige o país inteiro, nas grandes e pequenas cidades, no meio urbano e no meio rural. São 140 assassinatos de brasileiros por dia, em média, mais que na guerra civil na Síria.
O estado fez campanha para desarmar os cidadãos e não desarmou os bandidos; aconselha as vítimas a não reagirem, facilitando o trabalho dos ladrões. Além disso, trata de desvalorizar a polícia; policiais são intimidados por ameaças de autoridades dos três poderes. OAB e ONGs querem saber se os bandidos não sofreram excessos. Bandidos têm atenção especial; as vítimas e suas famílias, não. Os legisladores criaram leis para estimular o crime: condenados até 7 anos têm liberdade para sair da prisão; a polícia se queixa que em oito meses o bandido está de volta, assaltando de novo. Uma lei para proteger crianças criou uma casta de criminosos, os inimputáveis com menos de 18 anos.
Se isso faz parte de um plano para entregar o país aos bandidos, o plano está tendo êxito. Quando alguém critica o estado por omissão ante o crime, a autoridade alega que “o mundo é assim, perigoso”. É a mais deslavada mentira. Agora que os brasileiros estão cada vez mais passando férias no exterior – porque por aqui tudo está muito caro -, milhões de turistas constatam como é tranquilo passear, tirar dinheiro de caixa eletrônico, andar à noite, inclusive em becos escuros – fora do Brasil. Será que na volta à pátria percebem que estão sendo enganados?
Talvez a situação seja efeito de algum complexo de culpa. Temos um país imenso, belíssimo, com sol, solo, águas, riquezas minerais, sem vulcões, terremotos, furacões e, julgando que não merecemos tanto, será que tratamos de estragar tudo? Porque, sem dúvida, temos parte nisso, com o nosso voto, a nossa passividade, até a nossa falta de cidadania, de urbanidade, de senso de ordem. No fundo, somos cúmplices e partícipes da bagunça, sem nos darmos conta de que o país somos nós e o país é sempre a nossa cara e o nosso caráter.