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Abaixo o conhecimento

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Antes de invadir a Universidade de Salamanca, o general falangista Milán Astray encerrou uma discussão com o reitor Miguel de Unamuno com o grito: “Abaixo a inteligência!”. O Brasil parece hoje tomado por falangistas que têm medo de livros, de escolas, de conhecimento. Bibliotecas estão abandonadas. Escolas mal-cuidadas. Professores mal-formados. Alunos semi-analfabetos, ainda que tenham diploma de curso superior. O mérito está sendo abolido, substituído por cotas e por aprovação de ano automática. E agora o MEC referenda um livro, distribuído a quase meio milhão de alunos, que apóia o falar errado: “O livro ilustrado mais interessante estão emprestado”. O governo não se importa de contrariar a Constituição que estabelece o Português como a língua oficial do Brasil. Quer abonar o patoá.
   
Ironicamente, o livro se chama “Por uma Vida Melhor”. Como terá vida melhor alguém que, não aprendendo a língua, não vai se comunicar direito, nem vai conseguir um bom emprego sem se expressar da forma correta? Quem vai à escola é para aprender e não para ser vítima da esquizofrenia do politicamente correto. Se a idéia é evitar o preconceito linguístico, como diz o livro, então devem começar eliminando o preconceito de que o aluno pobre é incapaz de aprender o bom português. Aliás, se o MEC quer acabar com preconceito, que comece protegendo os melhores alunos, que são isolados, estigmatizados, chamados de nerds – e  são os que têm o potencial de nos trazer, enfim, algum Prêmio Nobel. Proteger a mediocridade só estimula a passividade. Nivelar a vida por baixo. Impedir o enriquecimento intelectual, que faz pensar, tirar conclusões e não votar em demagogos e mentirosos.
   
O professor Evanildo Bechara, mestre de todos nós que amamos o nosso País e, em consequência, amamos a língua que nos distingue, afirma que “se o professor diz que o aluno pode continuar falando nóis vai, porque isso não estaria errado, então esse é o pior tipo de pedagogia. Se um indivíduo vai à escola, é porque busca ascensão social e isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar.”
   
Aqui, a esquizofrenia da frustração pretende uma espécie de mediocrização social. “Todos somos iguais e todos somos medíocres” – parece romance de George Orwell. Vai para onde o Brasil desse jeito? A China sabe aonde vai. Há 30 anos manda multidões de jovens para os Estados Unidos, para fazerem mais estudo. Nas escolas chinesas, o ensino é rígido, é competitivo e premia o mérito. O Brasil despreza esses três meios de ter futuro. E fica cada vez pior. Agora estão terminando o fundamental sem estarem alfabetizados. Os especialistas dizem que no segundo ano já deveriam estar alfabetizados. Quando fiz o primário em grupo escolar, estávamos alfabetizados no primeiro ano. No segundo já interpretávamos leitura e já dividíamos e multiplicávamos. ninguém dava vivas à ignorância.

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