A falta de uma clínica pública especializada no tratamento para dependentes químicos compromete a recuperação de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em Mato Grosso. A opinião é da Defensora Pública Hélleny Araújo dos Santos, que coordena o Núcleo de Infância e Juventude da Defensoria Pública.
"Acredito que se tivéssemos um espaço destinado para o tratamento especializado contra as drogas, com certeza esse número de ações envolvendo menores iria diminuir e consequentemente se teria uma melhora expressiva na sociedade", explica. Nesta sexta-feira (26), Dia Internacional de Combate às Drogas, é importante lembrar que Estatuto da Criança e Adolescente estabelece que é dever do Estado garantir tratamento especializado para as crianças e adolescentes com dependência química.
A maioria dos casos infracionais estão relacionados ao crime de roubo, mas a Defensora observou que essas ocorrências são reflexo do uso de entorpecentes. "Não digo todos, mas de cada dez casos que aparecem aqui, seis estão relacionados de alguma forma com o uso de drogas, seja o adolescente um ex-usuário ou não", revela. Ela ressalta ainda que o número de atendimentos realizados pelo Núcleo tem aumentando diariamente. "Os familiares também nos procuram para saber como está o andamento dos processos", explica.
Quando os adolescentes usuários de drogas necessitam de tratamento especializado a Defensoria ajuda na procura de entidades filantrópicas ou recorrem ao município. "Existe o Projeto Municipal "Ser Menino", mas ele se encontra em condições precárias. A falta de atendimento médico e psicológico é um dos grandes problemas. Nos resta apenas procurar ajuda nas igrejas", conta a Defensora. O Projeto ‘Ser Menino" foi criado em janeiro de 2007 pela prefeitura de Cuiabá e atende meninos de sete a 17 anos que vivem nas ruas ou em situação de risco social.