“Mato Grosso é mais rico no subsolo que em cima do solo”. Com essas palavras, o governador do Estado, Pedro Taques (PDT) reforçou a defesa da implantação de ferrovias em Mato Grosso para estimular outro setor econômico: a mineração. Durante entrevista no Grupo Gazeta de Comunicação, o governador afirmou que recentemente recebeu um grupo empresarial que investirá R$ 700 milhões na exploração mineral em Aripuanã, município distante 1,5 mil quilômetros de Cuiabá.
Na região, onde está em operação desde 2013 a Usina Hidrelétrica de Dardanelos (261 MW), há indícios de abundância de minérios, segundo o geólogo do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Mato Grosso, Adnen Rajab. Zinco, ouro e prata são alguns produtos minerais que poderão ser retirados da localidade. “Investir em ferrovia é algo estratégico para o futuro de Mato Grosso”, pontua o governador.
É preciso também melhorar o ambiente de negócios no Estado, pondera Taques. Para isso, estão sendo implementadas mudanças nas Secretarias de Fazenda (Sefaz) e Meio Ambiente (Sema), além da criação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec). “Estamos mudando estruturas para que o Estado não seja atrapalhador. Na Sema houve mudanças no setor de licenciamento e já temos licenciamentos concluídos em 15 dias, com isso criamos um ambiente propício (para os negócios) e a Secretaria não se restringe apenas às funções de comando e controle”.
Na Sedec estão sendo rearranjados os incentivos fiscais às empresas. “Sou favorável ao incentivo, mas tem que ter critério, não essa farsa que existia em Mato Grosso, por isso está sendo feito esse levantamento caso a caso”. Taques disse ainda que o governo estuda um modelo de incentivos fiscais semelhante ao do estado de Goiás, com incentivos regionais que estimulem o desenvolvimento econômico de diferentes localidades no território estadual. “Em Mato Grosso, a esmagadora quantia de empresas incentivadas estão em Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, mas precisamos de incentivos diferenciados para algumas regiões. No Noroeste, por exemplo, para industrializar o café, o pescado”.
Como observa o governador, Mato Grosso tem 141 municípios dos quais 43 mantêm Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elevado. “Montamos um Gabinete de Desenvolvimento Regional que está mapeando esse estágio de desenvolvimento econômico, identificando aqueles (municípios) com menor IDH, como é o caso de Campinápolis”, relata.
A região do Araguaia é citada pelo governador como exemplo de região com forte crescimento econômico, impulsionada pelo agronegócio. Contudo, precisa de melhorias na distribuição de energia. “Cobrei da Energisa a solução dos problemas no vale do Araguaia”. Ao falar das diferenças socioeconômicas dos municípios mato-grossenses, o governador também abordou a realidade de Cáceres, a 216 quilômetros da Capital. “Penso que no próximo mês já poderemos iniciar as obras da ZPE (Zona de Processamento de Exportação), que foi criada no governo Sarney”. A contrapartida do Estado será de R$ 12 milhões, disse ele.
Depois de tanta espera, a ZPE de Cáceres é, atualmente, uma das mais adiantadas do país, segundo o diretor administrativo financeiro da Administradora da ZPE de Cáceres (AZPEC), Ilson Sanches. No Brasil tem 27 ZPEs aprovadas, mas operante há só uma, no Ceará. A área de 239 hectares da ZPE de Cáceres está totalmente liberada, terraplanada, cercada e com energia elétrica instalada. O projeto executivo foi entregue para Sedec, disse Sanches.
Serão instaladas edificações para abrigar a Receita Federal, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) e Azpec, além dos loteamentos para recepcionar as empresas, que atualmente somam 32 interessadas em se instalar no local, com o compromisso de exportar 80% da produção e destinar o restante (20%) para o mercado interno. “O governador decidiu pela implantação da ZPE de Cáceres e isso é muito bom para Mato Grosso”, avalia o diretor da Azpec. “Temos obrigatoriedade definida pelo Conselho Nacional das ZPEs de iniciar as obras no mais tardar em julho deste ano”.
Para o governador Pedro Taques, é preciso que Mato Grosso atraia investimentos e supere os entraves ao desenvolvimento econômico. ‘Durante esses dias, conversamos com muitos industriais para voltarem para o Estado, para que possamos gerar emprego e renda’. O governo irá investir na divulgação de Mato Grosso, em evento fora do Brasil, como forma de despertar o interesse de potenciais investidores.