O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, José Serra, se encontraram hoje no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da cidade. Apesar deles estarem no centro das discussões do PSDB sobre a candidatura do partido à Presidência da República, nenhum dos dois falou sobre eleição.
Para integrantes da base tucana, o silêncio de Alckmin e Serra pode ser entendido como o cumprimento de uma ordem para ocultar as divergências internas do partido. É que o PT está aproveitando o racha para fortalecer a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. O Blog do Josias informou que Lula tem saboreado a desavença que sacode a seara alheia: “Isso é ótimo pra nós”, disse.
Apesar do silêncio público, nos bastidores tucanos o clima é de disputa intensa. O líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo, Edson Aparecido, assumiu hoje o papel de porta-voz de Alckmin e disse que a bancada paulista apóia em peso a indicação do governador para candidato do PSDB à Presidência.
Segundo ele, o presidente estadual do PSDB, Sidney Beraldo, vai comunicar o presidente nacional do partido, Tasso Jereissati, que o diretório de São Paulo apóia o governador. Aparecido disse que essa é a primeira vez que um diretório faz esse tipo de comunicação à executiva nacional do partido.
A manutenção da disputa entre Alckmin e Serra pode ser usada como argumento para defender a realização das prévias. “Se os dois se desincompatilizarem [até 31 de março], podemos pensar nessa hipótese [de prévias]”, disse Ricardo Tripoli, líder da bancada do PSDB na Assembléia Legislativa de São Paulo.
Mesmo sem falar com a imprensa, Alckmin mantém sua estratégia de buscar apoios regionais para sua candidatura e assim driblar a preferência da cúpula por Serra. O governador se encontra hoje à noite com a bancada federal.
Serra, que ainda não declarou publicamente a intenção de ser candidato, também busca apoios. Ontem, o prefeito viajou ao Rio para participar de uma homenagem ao governador de Goiás, Marconi Perillo. A visita, que não constava da agenda de Serra, ocorreu um dia depois de Perillo criticar a forma como a cúpula do PSDB está conduzindo a escolha do candidato tucano à Presidência. Perillo defendeu uma participação ampla do partido em detrimento de uma escolha de cima para baixo, tomada apenas pelo triunvirato composto por Jereissati, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e pelo governador de Minas, Aécio Neves.