A relatora do processo contra a deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT), deputada Ann Pontes (PMDB-PA), anunciou há pouco que apresentará, na próxima terça-feira (28), ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, parecer propondo a absolvição da acusada.
A relatora disse estar convencida de que se trata de “crime impossível”, já que os dois cheques de R$ 25 mil, que fundamentam a representação contra Celcita, ao que tudo indica, jamais foram apresentados, e muito menos pagos. As cópias dos cheques enviadas pela empresa Planam ao conselho não contêm carimbo ou outro registro de banco. As folhas dos cheques também não foram preenchidas em nome da deputada ou de qualquer outra pessoa, segundo a relatora.
Celcita negou, em depoimento no Conselho de Ética, ter recebido propina pela apresentação de emendas ao Orçamento e também negou qualquer envolvimento com a empresa Planam, de Luiz Antônio Vedoin, acusado de ser um dos operadores da “máfia das sanguessugas”. “Estou com a consciência tranqüila. Não recebi cheque, nada que pudesse me incriminar”, declarou.
Celcita afirma que uma emenda suspeita, que beneficiou o distrito de Colider, no município de Canarana, não tem relação nenhuma com pagamento de propina. De acordo com a deputada, ela decidiu propor essa emenda para que o município adquirisse uma ambulância para atender a população do distrito, que, em razão da distância, tinha dificuldades de acesso aos tratamentos de saúde.
Segundo ela, a prova de que não houve favorecimento algum aos Vedoin é que “existem municípios em que eles não ganharam (a licitação).”
Cheques
Luiz Antônio Vedoin disse à Justiça Federal que, em 2002, deu R$ 50 mil à Celcita Pinheiro para ajudar na campanha eleitoral, por meio de dois cheques de R$ 25 mil da empresa Santa Maria, da família Vedoin. Posteriormente, a quantia seria reembolsada por meio de emendas para compra de ambulâncias.
O pai do empresário, Darci Vedoin, confirmou que Celcita Pinheiro recebeu os dois cheques como ajuda para a campanha, mas disse que eles foram devolvidos por falta de fundos. “A senhora está no Conselho de Ética apenas por causa desses dois cheques fantasmas de R$ 25 mil, que nunca apareceram?”, indagou o deputado Zenaldo Coutinho. Celcita respondeu afirmativamente com a cabeça.
Visita à Planam
A relatora do processo, deputada Ann Pontes (PMDB-PA), indagou a parlamentar sobre uma suposta visita que Celcita teria feito à sede de Planam em Cuiabá. Celcita admitiu a visita. “Ele (Darci Vedoin) me convidou e eu fui conhecer (a Planam), já que a fábrica fica na minha cidade”, declarou.
O interesse da deputada em conhecer a fábrica teria surgido, segundo Celcita, porque os Vedoin entregaram panfletos nos gabinetes dos deputados com publicidade sobre as ambulâncias, com o objetivo de convencê-los a apresentar emendas orçamentárias contemplando municípios.
Defesa
Testemunha de defesa da deputada, o ex-prefeito de Canarana Evaldo Osvaldo Diehl disse que conhece Celcita há 20 anos, e que não tem conhecimento de que ela tenha influenciado prefeitos. Diehl disse ainda que não tem