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Presidente do Vox Populi elogia Sinop, analisa votação de Serra e quem herda seu espólio

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O presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra, publicou artigo na revista Carta Capital, esta semana, sobre as eleições do ano que vem e quem herdará o espólio político de José Serra e Sinop foi o foco da análise do sociólogo e dirigente de um dos maiores institutos de pesquisas do país. Em, “os votos de Serra”, Coimbra aborda que “em 2010, o tucano venceu em várias cidades de fronteiras agrícolas brasileiras”. Eis a íntegra do artigo:

Em pouco mais de dez meses, os eleitores de Sinop, em Mato Grosso, vão escolher o presidente da República. A cidade é conhecida como a “capital do Nortão” mato-grossense, a imensa área que ali começa e vai até a divisa com o Pará. Hoje é o principal polo econômico de uma das mais dinâmicas regiões brasileiras. Entre os municípios que a integram estão campeões nacionais e mundiais na produção e na produtividade da soja, por exemplo. Fora a quantidade excepcional de gado engordado e a de madeira cortada na região.

Em Sinop, na eleição de 2010, José Serra, do PSDB, obteve no primeiro turno 56% dos votos válidos. Dilma Rousseff, do PT, ficou bem abaixo, com 36%. Marina Silva, então no PV, amealhou apenas 4 mil votos, em um colégio eleitoral próximo de 100 mil eleitores. Recebeu 7% dos votos válidos.

Se dependesse
do eleitor local, Serra não teria nem disputado o segundo turno. Venceria de cara. Como foi forçado, no entanto, a fazê-lo, enfrentou Dilma Rousseff e voltou a vencer. Desta feita obteve 60%. Ao comparar a votação do tucano no primeiro turno com aquela obtida no segundo, observa-se que boa parte dos eleitores de Marina Silva provavelmente migrou para a petista. Serra pouco cresceu entre um e outro turno.

O ex-governador foi, em Sinop, três vezes maior que o PSDB. Na hora de votar para governador, os eleitores da cidade deram apenas 12 mil votos ao candidato tucano, quase o mesmo número de votos recebidos pelo nome do partido ao Senado.

Por que a cidade foi serrista, e não tucana, na eleição de 2010? O serrismo de Sinop naquela ocasião não indica um protesto contra o governo federal, uma manifestação de revolta dos eleitores da cidade contra o descaso com o qual teriam sido brindados durante os dois mandatos do PT. Os investimentos realizados na região ao longo dos oito anos de Lula foram maiores e mais importantes do que em qualquer outro período.

Mas, fato é, quase dois em cada três eleitores locais preferiram Serra a Dilma Rousseff e Marina Silva, talvez menos pelas qualidades enxergadas no tucano do que pelos defeitos percebidos em ambas. Não queriam uma petista e, muito menos, Marina Silva.
Eleitores como a maioria daqueles de Sinop, é possível, não valorizam aquilo que define a simpatia pelo PT ou pelo ecologismo.

Talvez não se comovam com o discurso a respeito de solidariedade, compromisso coletivo, inclusão social, políticas compensatórias, sustentabilidade. Serra foi a opção dos eleitores da cidade, que se tornou ainda mais natural quando ele perdeu qualquer pudor e assumiu o conservadorismo. Eleitores conservadores queriam um candidato conservador e Serra teve imenso prazer em desempenhar o papel.

O município está longe de ser uma exceção. Serra venceu em diversas outras Sinops. Em algumas, especialmente na fronteira Norte da frente de expansão do agronegócio, por margens ainda mais elásticas, que ultrapassaram 80% dos votos válidos. Muitos dos 43 milhões de seus votos saíram de lugares assim.

O que acontecerá em Sinop no próximo ano? Agora que conhecem Dilma Rousseff, os serristas menos radicais optarão por ela? Com isso, e ao supor que se preserve a votação, sairá vitoriosa? Terá o governo federal feito tantas obras que a cidade se animará a votar no PT?

E mais: Aécio Neves oferece aos eleitores das Sinops da vida a mesma simbologia de Serra? Ao olhar para o mineiro, ficarão à vontade, enxergarão nele os valores encarnados na última eleição pelo paulista?

E Eduardo Campos, agora em “aliança programática” com Marina Silva? Enquanto andava à procura desses eleitores e se unia a seus representantes orgânicos como Ronaldo Caiado, o pernambucano podia ser uma alternativa, em particular para os inseguros em relação a Aécio Neves. Sozinho, Campos apareceria como opção. E com a ambientalista a tiracolo?

Em razão dos problemas de Campos e Aécio Neves e, apesar daqueles com restrições ao PT, quem sabe os eleitores de Sinop não terminem por considerar Dilma Rousseff a candidata menos ruim? Entre duas possibilidades “novas” pouco atraentes, não se definam pela continuidade?

O capítulo principal da próxima sucessão não será escrito em Sinop. Mas em uma eleição que talvez se torne disputada, o que acontecer por lá e em tantas cidades semelhantes pode ser decisivo.

Quanto à improvável hipótese de Serra ser o nome do PSDB, os eventuais votos mantidos em Sinop não resolveriam suas dificuldades.

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