O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, admitiu que “o mais provável é que a MD (Mobilização Democrática) não se concretize por causa da desistência do PMN”. Ao PPS interessa continuar unido ao PHS, adiantou, mas não como MD. “Teremos outro tipo de fusão”. Freire disse que o PPS aguarda decisão do PHS sobre o assunto e que seu partido quer viabilizar “uma nova formação política democrática, moderna, contemporânea do século XXI”.
“Nós queremos a fusão por causa do valor agregado e pela necessidade de construir uma nova formação política, algo que defendemos desde a mudança do partido de PCB para PPS”, ressaltou Freire. A intenção do partido, com a fusão, era não ficar restrito à superação da claúsula de barreira, mas buscar a realização desse objetivo. Quando foi questionado se não houvera precipitação do PPS ao fazer a fusão antes do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, da ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a norma, Freire disse que “foi precipitada só para aqueles que imaginam que somos adivinhões, porque ninguém imaginava que a cláusula iria cair”. O deputado lembrou que a ADIN estava para ser julgada fazia dez anos. “É fácil ser engenheiro de obra pronta”, ironizou.
Centrão
Quando questionado como se sentia fazendo oposição a Lula junto com o PSDB e o PFL, Freire lembrou que o PSOL também é oposicionista e que “as simpatias de Lula atualmente são por Delfim Netto, da ditadura”. O deputado aconselhou o inquiridor a pensar na direita que apóia Lula, como o PP, o PTB, o PL e a Igreja Universal do Reino de Deus. Em resposta a pergunta sobre o fato de o PPS ser de matiz marxista e ter apoiado o mesmo candidato que o PFL nas últimas eleições, Freire disse que não vê problema nisso, “da mesma forma que não penso que o PC do B, o PSB e setores do PT deixam de ser de esquerda por terem participado de um governo que formou um centrão com o PTB, PP, PL, PP e setores do PMDB que têm uma visão de direita e não primam pela ética”.
Sobre o recuo do presidente da República nas declarações sobre as idades convenientes para a pessoa ser de esquerda e de direita, Freire disse: “ele diz que foi brincadeira, mas foi uma agressão; Lula nunca teve formação de esquerda e a visão que ele mostrou é uma besteira da direita, (a concepção) de que o jovem pode ser rebelde e o velho, não”. O deputado diz que nem tingindo os cabelos Lula se tornará de esquerda “porque nem quando tinha cabelo preto ele era”.
A união dos partidos de oposição, como sugeriu uma jornalista, é muito difícil na opinião de Roberto Freire, por causa das concepções políticas e ideológicas que cada um tem. “Podem haver alianças eleitorais e momentos de convergência, mas haverá distanciamento porque pretendemos consolidar uma crítica de esquerda moderna, contemporânea, ao governo Lula, o que é diferente do que pensam os liberais”.
A um jornalista que perguntou por que ficara na suplência do senador eleito Jarbas Vasconcelos, em vez de se candidatar à reeleição, Freire respondeu que “há um certo cansaço, depois de 32 anos de atividade parlamentar, juntando a isso (a frustração com) a uma legislatura profundamente desgastante, como foi essa que está se encerrando; mais a dificuldade de disputar uma eleição (contando) só com o voto de opinião, sem nenhum recurso”. A suplência, disse, foi fruto de um convite de Jarbas “e não tenho dúvida de que é tão honroso para mim quanto para ele”. O deputado ressalvou que não deixará a política, pois continua presidente do PPS.