empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou nesta terça-feira que os empréstimos repassados ao PT seriam de conhecimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, segundo confirmação do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. De acordo com Valério, que presta depoimento à CPI do “Mensalão”, os empréstimos ao partido, corrigidos por juros bancários, já remontariam a R$ 100 milhões.
Questionado pelo relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), sobre as garantias para os empréstimos, Valério disse que seria a alta cúpula do PT. “De acordo com o senhor Delúbio Soares, o PT tinha uma arrecadação anual de R$ 50 milhões e deveria dobrar com a entrada de novos elementos no governo. Além disso, ele cansou de me falar que tinha o aval do senhor José Dirceu”, respondeu Valério. O empresário justificou os empréstimos ao PT, por duas vezes, como sendo “o partido do governo”.
Novamente questionado por Abi-Ackel sobre o nível de conhecimento de Dirceu, Valério negou que tivesse o aval pessoal de Dirceu, mas somente de forma indireta por Delúbio. “Ele [Delúbio] disse que Dirceu sabia das operações.”
Valério ainda informou que suas agências de publicidade participaram de licitações em vários órgãos públicos desde a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, entre os quais, o Banco do Brasil, a Eletronorte e os ministérios do Trabalho e dos Esportes.
Antes de falar sobre as operações, ainda no início da sessão, Valério disse que não conhecida Abi-Ackel, que aparece na lista dos congressistas que recebeu recursos do publicitário nas eleições de 1998. Valério disse que teve contato somente com o filho dele, Paulo Abi-Ackel, que atua como advogado em Belo Horizonte.
O publicitário também pediu “desculpas” ao “povo brasileiro” por ter escondido algumas informações em seu depoimento à CPI dos Correios.