Detido desde o dia 10 na sede da Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, o ex-prefeito Paulo Maluf ameaçou nesta segunda-feira, em entrevista à Rádio Jovem Pan, abandonar a vida pública.
“Você acha que este é o País que eu quero para os meus netos? Você acha justo acontecer uma coisa dessas comigo depois de tudo o que fiz pelo meu País? Neste momento, fica muito difícil pensar em voltar à política”, disse Maluf, chorando e mostrando abatimento.
Maluf e seu filho, Flávio, estão presos porque, segundo a Polícia Federal, eles tentaram intimidar o doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi. O doleiro disse, em depoimento à PF, que Maluf é o dono dos R$ 161 milhões depositados na conta Chanani, nos Estados Unidos.
O ex-prefeito se considera uma vítima, assim como seu filho, Flávio. “Sou um preso político”, afirmou, acrescentando que a sua prisão foi uma tentativa de abafar as “maracutaias de Brasília”. Além disso, segundo ele, a sua prisão é absurda, pois em nenhum momento ele tentou coagir testemunhas do inquérito. “Até porque ele (o doleiro) é réu, e não testemunha”, defendeu-se.
Para Maluf, a forma com que ele e o filho foram presos foi um “circo”. “Mandaram o helicóptero em que estava o meu filho descer só no heliponto do Morumbi, pois era lá que o circo estava armado para o ‘episódio das algemas'”, comenta. “Tinha alguém com a câmera escondida que mostrou tudo – ele (Flávio) sendo algemado – isso é uma violação de direito”, disse.
Ele lembra que chegou à PF três horas antes de ser protocolado o seu alvará de prisão. “Fiquei aqui sentado esperando”, revelou. “Ninguém fugiu (…) meu filho até deu carona para os agentes e ainda passou na casa do advogado para buscá-lo”, afirmou.
Maluf e Flávio respondem pelos crimes de formação de quadrilha, evasão de divisas, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Seus advogados entraram hoje com pedido de habeas-corpus, em caráter de urgência, no Superior Tribunal de Justiça em Brasília. Na quarta-feira, Maluf será ouvido na 2ª Vara Federal Criminal, em São Paulo.