Os vereadores Dalton Martini (PP) e Júlio Dias (PT) passaram a analisar se apoiarão a iniciativa da oposição de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito da câmara municipal para investigar as denúncias feitas pelo ex-secretário de Fazenda e Casa Civil, Eder Moraes, contra o prefeito Juarez Costa (PMDB), de ter recebido R$ 700 mil de empréstimos feitos em factoring e pagos "pelo governo" estadual. Ao Só Notícias, Dalton afirmou que “se for para ajudar a elucidar o caso, sou a favor, sim” da criação da CPI. Entretanto, ele pondera que talvez não seja o melhor caminho, uma vez que “se as denúncias já foram feitas à Polícia Federal. Então, tem que ser analisado se vale a pena os vereadores abrirem a investigação. Mas acho que tem que haver apuração e saber se houve corrupção. Seria também uma oportunidade (em caso de CPI) para o prefeito ir à câmara e se justificar, provar que não são verdadeiras as acusações”, afirmou.
O petista Júlio Dias afirmou que “não tem conhecimento” das denúncias e que deve ser verificado se há elementos que justifiquem a abertura da comissão. “Na época em que o empresário Júnior Mendonça (que operava os empréstimos fraudulentos juntamente com Eder Moraes e acusou Juarez de receber R$ 500 mil para comprar sentença) fez as denúncias, me parece que o prefeito não foi notificado formalmente. Mas se houver elementos, agora, é preciso discutir entre os vereadores sim (a abertura da CPI)”.
Para ser criada uma comissão de inquérito são necessárias as assinaturas de cinco vereadores. A oposição contra com 3. Se Dalton e Julio assinarem o requerimento que alguns oposicionistas cogitam apresentar, a CPI pode ser criada.
O vereador Wollgran Araujo (DEM) disse, na 3ª ao Só Notícias, que defende a abertura da comissão para investigar Juarez porque as acusações de "Eder são gravíssimas e tem que ser apuradas com profundidade". "Ele disse claramente que foram emprestados R$ 700 mil e enviados para o prefeito e pagos pelo governo estadual", expôs Wollgran. "A câmara tem que se posicionar e investigar essa acusação que foi feita por um ex-secretário estadual", emendou.
O democrata disse ainda que vai se reunir com alguns vereadores, nos próximos dias, para articular a criação da comissão. "A investigação dessa denúncia não é só obrigação da oposição, mas de todos os vereadores", cobrou.
Fernando Assunção (PSDB) reforçou a cobrança, repetida várias vezes, no ano passado, para que o prefeito de Sinop compareça à câmara para explicar as acusações de Junior Mendonça que acusou Juarez de ter recebido R$ 500 mil para comprar sentença e não ser mantida a cassação de seu diploma eleitoral, após a eleição do primeiro mandato, onde foi acusado de usar vales combustíveis da Assembleia, em sua campanha. "Temos o direito de saber e o prefeito a obrigação de falar. Aliás, na época, o prefeito debochou do assunto", acrescentou Assunção, que pretende ir a Cuiabá nos próximos dias, no intuito de buscar mais detalhes do caso.
A Polícia Federal defendeu o indiciamento do prefeito por corrupção, mas como o processo tramita em segredo na justiça federal ainda não foi confirmado se ele foi indiciado.
Eder Moraes afirmou, em depoimento no Ministério Público Estadual, em Cuiabá, que assinou nota promissória de "R$ 700 mil" em uma factoring e o dinheiro foi enviado ao prefeito Juarez Costa "na campanha" (quando concorreu ao primeiro mandato) e que o empréstimo foi pago com recursos do governo do Estado. Ao explicar como foram feitas as operações financeiras que o MP apura, Eder disse que foram dezenas de empréstimos e os valores variavam (podendo passar de R$ 50 milhões). Ele também declarou que a ordem que recebeu para fazer o empréstimo e supostamente enviar ao prefeito sinopense foi feito às pressas. "Em muito momentos se falava assim: tem que arrumar R$ 500 mil… R$ 700 mil pra mandar pro Juarez lá em Sinop que ele tá f….. na eleição dele e estão cassando ele. Me parece que tem uma história dessa… Tem que se arrumar urgentemente. O Junior (Mendonça, empresário dono da factoring que concedia os empréstimos e cobrava juros) saiu desesperado e arrumou. Nessa promissória, o Eder assinou lá, até vim depois uma do governo. Então, tem muitas situações dessas", afirmou o ex-secretário. No depoimento, Eder declara que os pagamentos de muitos empréstimos eram bancados com recursos do governo estadual.
Depois que vídeos foram divulgados, Eder concedeu entrevista a uma emissora de TV dizendo que mentiu para o Ministério Público porque estava "emocionalmente abalado" por não ter sido indicado, pelo governo, para ser conselheiro no Tribunal de Contas do Estado. Após trechos dos depoimentos gravados de Eder, aos promotores estaduais, terem sido divulgados em alguns sites, o ex-secretário de Fazenda entrou com ação na justiça pedindo que fossem retirados do ar e que os sites também ficassem proibidos de exibir futuros trechos de seus depoimentos. A justiça negou pedido e considerou que a intenção de Eder seria censura à imprensa.