O ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva, confirmou ter recebido o montante em depoimento, esta tarde, à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda. “Quero fazer uma confissão aqui hoje e dizer que esta acusação é em parte verdadeira, não totalmente. Os R$ 2,5 milhões que recebei já tinham uma destinação específica, pois eu já tinha um negócio com o Silval, fiz pagamentos maior e ele tinha valores a me pagar. Por isso recebi esse valor".
Ele esclareceu ainda que se o empresário não fizesse o pagamento, Silval iria pagar porque era uma dívida do ex-governador com ele. Riva conta que Willians Mischur quis pagá-lo em cinco cheques, mas ele recusou e sugeriu que o valor fosse pago de uma só vez. O ex-deputado trouxe cópias de planilhas para confirmar que recebeu os valores de Willians Paulo Mischur.
O negócio que Riva tinha com Silval Barbosa era a compra de uma fazenda que eles adquiriram em sociedade. O imóvel está localizado no município de Colniza.
Riva também confirma que do valor de R$ 2,5 milhões de Willians Mischur destinado a ele, R$ 500 mil foram para o réu Tiago Dorileo. “Eu autorizei ele a pegar R$ 500 mil porque eu tinha uma dívida com ele”. O ex-deputado explicou como se deu a tentativa de retirar a empresa Consignum e colocar uma empresa indicada por ele para gerenciar a margem de empréstimos consignados dos servidores públicos estaduais. Revelou, no entanto, que apesar das tratativas, o plano não se concretizou de modo que a Consignum continuou prestando os serviços e o contrato dela continuou em vigor.
Riva revelou que os ex-secretários estaduais Pedro Elias e Pedro Nadaf tinham conhecimento do assunto que era tratado com o então governador Silval Barbosa, sobre as tratativas para retirar a Consignum e colocar outra empresa no lugar dela, desde que pagasse um valor de propina maior ao que a Consignum já pagava que era de R$ 500 mil mensais. Riva disse não saber se Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador, tinha conhecimento do caso, pois ele tratava do assunto diretamente com o Silval, ocasiões em que Rodrigo não participava das conversas.
Sobre o contrato com a Consignum, Riva afirma que nunca se "achou dono do contrato", mas recebeu os R$ 2,5 milhões por causa da dívida que Silval tinha com ele. "Naquele momento eu sabia que aquele dinheiro era propina", responde Riva quando questionado pela magistrada.
José Riva explicou o nível de influência que ele e os partidos políticos tinham na gestão Silval Barbosa. "Num determinado momento Silval loteia o governo para os partidos e cada um assume uma secretaria", disse Riva ao citar as mudanças no staff do peemedebista após sua reeleição em 2010. "Logicamente que esses secretários indicados por esses partidos tinham certa autonomia, mas o Silval era muito centralizador e exigia prestação de contas de todos eles".
Ou seja, os secretários não poderiam fazer as coisas a bel prazer, pois sempre eram chamados a prestarem contas ao governador sobre tudo que estava acontecendo em suas respectivas pastas.
“A Assembleia infelizmente não cumpriu e não cumpre com seu dever de fiscalizar”, denuncia Riva ao explicar em várias situações que o Legislativo Estado era “conivente” com o governador ou fazia vistas grossas para certas irregularidades que existiam e existem no Executivo Estadual. Ele fez a afirmação ao explicar a existência de propina envolvendo o gerenciamento de empréstimos consignados.
"Não posso dizer se vi o Marcel ou se ele fazia parte da organização criminosa, mas em todas as ações que exigiam um conhecimento intelectual maior, ele era acionado", disse Riva ao ponderar que não pode afirmar, no entanto, se Cursi, integrava ou não, a quadrilha. Ele revelou ainda que existem compromissos políticos de 2010, ou seja, dívidas contraídas na campanha de reeleição de Silval Barbosa, que ainda não foram pagos até hoje.
Riva explicou o que sabia sobre o envolvimento dos principais acusado na organização criminosa. “César Zílio tinha muita influência na campanha, era o coordenador da campanha. Mas não sei porque eles escondiam isso, não sei qual era o papel dele se era só um arrecadador ou se era uma pessoa que participava ativamente”.
"Em todas as situações que pareciam erradas e precisavam de soluções rápidas, era o Chico Lima que o governador acionava. Para o bem ou para o mal, o Chico era a pessoa que ele (governador) acionava", garantiu José Riva quando questionado pela promotora Ana Bardusco sobre os membros da organização que segundo a denúncia do Ministério Público, o ocupavam cargos e papeis estratégicos no grupo para atender interesses da quadrilha.
Riva também confirma o envolvimento do ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), que indicou gráficas para receber dinheiro do Estado, mesmo sem realizar serviços e sem fornecer materiais e angariar propina para ele usar em sua campanha política de 2010 e devolver parte da propina para o ex-secretário de administração, César Roberto Zílio.