O Partido da Frente Liberal em Mato Grosso está exercitando todas as alternativas possíveis para disputar a eleição deste ano: do apoio político à reeleição do governador Blairo Maggi a uma aliança estratégica com os partidos de oposição. Foi o que deixou claro o ex-prefeito de Várzea Grande, Jaime Campos, presidente do Diretório Regional do PFL. As tais alternativas, no entanto, resumem-se na acoplagem dos projetos eleitorais ao principal projeto da sigla: a eleição do próprio Campos para o Senado Federal. “Não abro mão da minha candidatura” – frisou o político, em entrevista ao programa “Bom Dia Mato Grosso”, da TV Centro América.
Campos disse que o PFL está conversando com todo mundo: ele citou o PPS de Maggi, o PSDB de Dante e Antero de Barros, o PL de Welinton Fagundes e o PP de Pedro Henry e José Riva. Com o emblema de “partido mais democrático do Brasil”, Campos atribui o exercício do diálogo a construção de um projeto para Mato Grosso, dando ênfase a questão da geração de emprego. Mas não é bem isso. Mais a frente, ao assumir que não abre mão de sua postulação ao Senado, deixa claro que o PFL quer mesmo espaço e condições adequadas para executar o seu projeto político-eleitoral.
O político tem sido um dos principais incentivadores da candidatura do senador Jonas Pinheiro ao Governo do Estado. Pinheiro, no entanto, resiste – ora admitindo ser candidato, ora recuando, ato interpretado como exercício para abertura de espaço para negociações partidárias. Na entrevista, Jaime Campos manteve a linha da exortação ao companheiro senador. Ele avalia até que a candidatura de Pinheiro não entraria em choque com a de Maggi. O senador pefelista justifica sua recusa em ser candidato ao fato de ser um dos “padrinhos” político de Maggi e das estreitas ligações com o governador. “Nós temos candidato à presidência” – disse, citando Geraldo Alckmin como “tábua de discurso político”.
As incertezas do PFL e de Campos sobre o caminho a seguir está exatamente no “jogo duro” da candidatura ao Senado. Na aliança “Mato Grosso Mais Forte”, a vaga está reservada ao deputado federal Pedro Henry, do PP. O acordo entre Maggi e o parlamentar foi fechado ainda em 2002. Maggi manteve o compromisso com Henry, mesmo o parlamentar federal enfrentando denúncias de envolvimento com o “mensalão”. Na aliança de oposição, com uma possível coligação com o PSDB, o mesmo problema: a vaga lá está com Antero de Barros. Depois do episódio Palocci, Paes de Barros considera que seu nome está fortalecido.
No passado, uma aliança entre Campos e os Oliveira com Paes de Barros seria algo inimaginável. Hoje, no entanto, é possível. Pelo menos na avaliação do próprio Jaime Campos. E na busca de alternativas, sustenta que “no momento existe especulação”. O dirigente pefelista deixou claro que as definições ainda vão demorar a acontecer e que “muitas aguas vão rolar”, deixando duvidas sobre aliança que o PFL fará em Mato Grosso.
Experiente, Jaime Campos não deixou durante a entrevista de demarcar território. Criticou de leve a situação das estradas em Mato Grosso, mas evitou as tais notas que o programa vem solicitando aos seus entrevistados: “Eu prefiro não dar nota é constragendor, o povo de MT vai julgar” – disse, saindo pela tangente. Jaime deixou ainda claro que se não fosse a verticalização apoiaria a reeleição de de Maggi e explicou que a rusga entre PSDB e o PFL, passa pelas eleições passadas, a de 2004 , que, segundo ele, “deixou muitas seqüelas, profundas feridas que estão incuráveis”. Ainda na linha crítica, Jaime Campos disse que a administração de Maggi vai bem administrativamente, mas politicamente vai mal. Segundo Jaime quem ajuda a ganhar tem que ajudar a governar. Ele se queixa que nunca foi chamado para participar do Governo. “Oferecido não tem preço” – comentou.