O chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Sílvio Cezar Corrêa Araújo, reafirmou à Polícia Federal que o dinheiro entregue por ele ao prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), não era destinado ao pagamento de uma dívida contraída junto à empresa do irmão do político, como alega o peemedebista. A informação consta em um relatório parcial da PF, com os avanços das investigações em decorrências das delações de Sílvio, Silval e outras três pessoas. Para fechar o acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-chefe de gabinete entregou gravações de diversos políticos recebendo dentro do Palácio Paiaguás um suposto “mensalinho”. A defesa de Emanuel, embora não tenha lido o documento com as informações, pontuou que o dinheiro se tratava realmente da dívida e que juntará ao processo dezenas de provas da relação comercial.
De acordo com o relatório, a Polícia Federal decidiu reinterrogar Araújo depois de analisar um documento apreendido na casa de Pinheiro, assinado por Valdecir Cardoso, que auxiliou o chefe de gabinete a gravar os políticos. Na declaração, reconhecida em cartório, Cardoso afirma que os valores recebidos por Pinheiro não tinham relação com a suposta propina, mas sim com a quitação de uma dívida por serviços de pesquisas eleitorais que Silval teria com o irmão do prefeito.
Por conta disso, em 23 de novembro, Sílvio foi novamente ouvido a respeito deste episódio. À PF, explicou que as imagens foram gravadas no final de 2013 e que a prestação do serviço pelo irmão de Pinheiro ocorreu apenas em 2014. Estes serviços, segundo o chefe de gabinete, foram pagos com cinco cheques, cada um de R$ 40 mil, apenas em meados de novembro de 2014. Os cheques acabaram protestados, conforme informação encaminhada por cartório. Tanto o relatório quanto as cópias dos cheques estão juntadas no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o caso. Ao final do relatório, o delegado da PF Wilson Rodrigues de Souza Filho esclarece que este e outros fatos ainda dependem de mais diligências para serem confirmados.
O advogado do prefeito, André Stumpf destaca que não teve acesso ao relatório até o momento. No entanto, reafirma que o dinheiro entregue por Sílvio a Emanuel Pinheiro se trata do pagamento de parte da dívida, que será comprovada com documentos mostrando a prestação de diversos serviços de pesquisa ao ex-governador Silval Barbosa.