Alguns deputados federais de Mato Grosso acreditam que o distritão não deve ser aprovado na Câmara Federal. A proposta, que está em análise nas comissões do Parlamento, deve eleger, nos Estados, os candidatos mais votados, o que extingue a classificação por coligação ou partido.
“O distritão corrige uma distorção do modelo atual, que é possibilidade de um candidato puxar os que não tiveram respaldo popular. Mas ele é um modelo muito ruim para os partidos políticos, porque concentra o valor do voto no candidato e uma democracia forte depende dos partidos políticos, então acredito que o distrital misto seria o mais adequado. Se houver hoje uma possibilidade de mudança é para o distritão, mas ainda tem muita dificuldade, existe uma resistência muito grande”, disse o deputado federal Fábio Garcia, do PSB. O relator da reforma política, deputado Vicente Candido (PTSP), já admite alterar a proposta de emenda à Constituição (PEC 77/03) que altera as regras eleitorais. O texto principal da proposta pode ser votado pelo Plenário da Câmara esta semana.
Em conversas com lideranças partidárias, o relator disse que o “distritão” perdeu força e que há o entendimento de que o Fundo Especial de Financiamento da Democracia deve ser menor que o inicialmente proposto. “Vários líderes defenderam que o fundo precisaria ser mais modesto, que não precisaria estar vinculado, neste momento, à receita da União”.
O deputado federal Ezequiel Fonseca (foto) afirmou que espera ser convencido de que o modelo é o ideal. “A principio eu tinha uma preocupação muito grande, porque eu acho que o distritão acaba com a organização partidária, mas por outro lado temos uma pesquisa que mostra que os eleitores querem aqueles candidatos que foram os mais votados. Eu defendo que se mantenha a legenda, mas no nosso partido, pessoalmente, pensei em votar contra porque eu defendo as legendas partidárias. Ainda estou esperando ser convencido em não ir contra o projeto”.
O deputado federal Nilson Leitão (PSDB) também se colocou contra ao modelo eleitoral. “Isso deve tirar oportunidade dos líderes naturais que não dependem de dinheiro para se eleger e que irão concorrer com muita gente endinheirada. O distritão é considerado o pior sistema do mundo, apenas quatro países o tem. Ele só é uma solução nesse momento caso seja usado como uma travessia para o sistema do distrital misto, em 2022, que deve eleger os candidatos por região nos estados”.