Intermediados pela Assembléia Legislativa, através do deputado Humberto Bosaipo (PFL), representantes do Sindicato e da Associação de Delegados Civis e o Secretário de Administração Geraldo de Vitto iniciaram ontem uma discussão em torno do teto salarial da categoria. “A última vez que tivemos reajuste foi durante o governo Jaime Campos e hoje tem delegado ganhando menos que há dez anos”, afirma o presidente do Sindicato dos Delgados Civis, Sebastião Finotto da Silva. Juntos querem chegar a números finais em um prazo máximo de 60 dias.
Segundo o secretário De Vitto, o governo tem interesse de chegar a um consenso. “O governo não tem problema nenhum em abrir esses números, mas precisamos discutir, analisar bem os percentuais para encontrar uma saída. O mais importante é que até ontem o governador não havia sinalizado em discutir o teto e hoje aceitamos, só precisamos desse tempo de 60 dias”, afiançou.
“Na época de Jaime o salário foi nivelado com os de procuradores. Agora há uma defasagem e precisamos nivelar novamente. Recebemos a sinalização positiva do governo com a abertura do diálogo sobre o teto da categoria e isso já representa um avanço”, avalia Humberto Bosaipo.
Na época do governo Jaime Campos, segundo Finotto, os ganhos dos delegados foram nivelados com os de Procuradores. Hoje, os procuradores ganham cerca de R$ 17 mil e os delegados em média R$ 8,5 mil. A redução de ganhos dos delegados se deram com a aprovação da Emenda Constitucional 41/2003 e o desconto de 11% sobre os ganhos ativos e inativos.
O presidente da Associação dos Delegados, Adriano Rúbio, chama atenção para outra necessidade. O quadro de pessoal. Eram 214 em 1990 e hoje, quinze anos após, são 180. “Com o aumento da população e da complexidade dos crimes praticados é preciso ampliar o número de delegados”, disse Rúbio.
“Teoricamente temos 180 delegados, mas temos aqueles que tiram férias, em média 15 por mês e outros 20 entre licenças e outros tipos de afastamento, o que resta são cerca de 145 delegados efetivamente trabalhando”, desabafa Rúbio.
Segundo ele, quando chegou em Mato Grosso no início da década de 90, por exemplo, quando era registrado um homicídio, o delegado parava tudo o mais e ia se debruçar sobre este caso. “Atualmente isso é impossível, o crime se tornou comum, é praticado em maior escala demandando a necessidade de mais profissionais”, alerta.
Outro ponto discutido com o secretário De Vitto, mas já descartado, foi à possibilidade de uma verba indenizatória para reparar as diferenças salariais, a exemplo do que está sendo feito com os fiscais. A próxima reunião da categoria com o governo acontece na terça-feira (14), às 10 horas no gabinete do Secretário de Segurança Pública Célio Wilson, que deve integrar o grupo de discussão.