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Delegado acusa ministro da Fazenda de cobrar propina

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O delegado seccional de Ribeirão Preto (SP), Benedito Antônio Valencise, acusou nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de participar de um esquema de corrupção quando era prefeito de Ribeirão. Valencise também confirmou, na CPI dos Bingos, todas as informações que ouviu do advogado Rogério Buratti em depoimento à polícia. Buratti foi secretário municipal durante a gestão do então prefeito de Ribeirão Preto Antonio Palocci e revelou um sistema de propina que existia na cidade com a empresa de lixo Leão & Leão. O ministro ainda não se pronunciou sobre as acusações.

De acordo com o delegado, a polícia ainda não conseguiu constatar o esquema de corrupção especificamente na cidade de Ribeirão Preto. No entanto, ele diz que por meio de dados dos computadores da empresa Leão & Leão foi possível identificar as cobranças de propina nas cidades vizinhas de Sertãozinho e Matão.

Valencise disse que, frente às provas que encontrou, indiciaria Palocci se isso fosse de sua alçada. Entretanto, como Palocci exerce o cargo de ministro, isso só caberia à Procuradoria Geral da República. Na opinião do delegado, pelo tamanho do esquema montado, “é evidente a participação de Palocci”.

Valencise disse que Buratti informou à polícia que o sistema começou a ser operado em 2001 e era coordenado por Palocci e pelo proprietário da Leão & Leão, Luis Carlos Leão. Ainda segundo o delegado, a empresa repassava R$ 50 mil por mês para poder operar na cidade e fornecia uma outra quantia que ficava à disposição do prefeito para ser usada para despesas de campanha.

Segundo o delegado, com esse sistema a prefeitura de Ribeirão Preto tinha prejuízo mensal de cerca de R$ 400 mil. O delegado informou ainda que Buratti deixou claro que o acerto era feito diretamente entre o prefeito e o proprietário da empresa.

O delegado também citou o nome de duas pessoas para quem Palocci passava as ordens de ir recolher o dinheiro. Mauro e Marilene, funcionários da prefeitura, comprovaram o sistema em depoimento, mas uma outra funcionária, Luciane, negou a existência do negócio. Na opinião do delegado, a pessoa que negava “olhava de uma maneira ameaçadora para quem confirmava” durante o depoimento.

Denúncia de tortura

Senadores governistas reagiram com indignação ao depoimento do delegado. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) deu a entender que Valencise participaria de torturas contra acusados de crimes em Ribeirão Preto. Tião Viana (PT-AC) seguiu a mesma linha de Suplicy e disse que a biografia do delegado não permite que ele respeite o seu depoimento.

Os governistas afirmaram que vão entrar com um requerimento na Procuradoria Geral da República, para que sejam investigadas as supostas torturas. O argumento, no entanto, não convenceu os outros integrantes da CPI.

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