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Delator diz que esquema resultante na prisão de Riva foi iniciado por lobista

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Em depoimento prestado em termo de delação premiada ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o ex-advogado do Banco HSBC, Joaquim Fábio Mielli Camargo revela como se dava a atuação de um lobista em Mato Grosso. Nas declarações prestadas por Camargo, que deram origem à Operação Ventríloquo, deflagrada na última quarta-feira (1º), que levou a uma nova prisão do ex-deputado estadual José Geraldo Riva (PSD) e do servidor da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Luiz Márcio Bastos Pommot, ele conta que o esquema investigado teve origem com a atuação do advogado Júlio César Domingues Rodrigues. O delator afirma ter sido procurado pelo advogado em meados de 2012, que “se identificou como facilitador e negociador junto ao Governo e à ALMT, dizendo, inclusive, que já teria atuado em outros casos junto àqueles órgãos”.

Na ocasião, Rodrigues teria lhe contado que era contato confiável dentro dos setores do Governo de Mato Grosso e tinha muitos conhecimentos e facilidades no Legislativo Estadual e que, com as pessoas certas, fatalmente o acordo proposto por ele poderia sair. Conforme Camargo, responsável por negociar dívidas contraídas junto ao HSBC dadas como perdidas, o advogado o procurou após ter conhecimento de um débito da ALMT junto à instituição financeira. No ano seguinte, Rodrigues o informou que o acordo saíria, inclusive com certeza de parecer favorável do então procurador da ALMT, Anderson Flávio de Godoi, mas as negociações só se concretizaram em 2014, quando o advogado marcou a primeira reunião entre Camargo e Riva. Ao chegar à sede do Legislativo Estadual, o ex-advogado do HSBC foi recepcionado por Rodrigues, que participou de todas as reuniões para tratar do acordo que visava o pagamento de cerca de R$ 9 milhões devidos pela ALMT por conta de contratos de seguros para os servidores da Casa realizados na década de 90. Apesar de Camargo contar com a prerrogativa de abater até 80% do débito na negociação, durante o encontro, o ex-deputado teria lhe proposto o pagamento integral do valor devido, incluindo corre- ção monetária, desde que 50% do valor repassado pela ALMT fosse devolvido, de maneira clandestina, a pessoas indicadas por Riva através de Pommot e Rodrigues.

De acordo com o delator, em razão do valor que seria efetivamente destinado ao pagamento ser superior ao mínimo exigido pelo banco, inclusive suficiente para cumprir com seus honorá- rios, o acordo foi firmado. No pagamento da primeira parcela, o ex-advogado do HSBC foi chamado ao Legislativo Estadual, onde recebeu do servidor da Casa e do advogado a lista com contas bancárias para que metade do valor pago fosse repassado a elas. Na delação, ele conta que na ocasião recebeu diversas ligações da ALMT para que os repasses ocorressem imediatamente. Segundo Camargo, o advogado chegou a acompanhá-lo ao banco para a realização dos depósitos, que ocorriam de maneira pulverizada, sendo que os pagamentos de valores mais altos deviam ser divididos em vários cheques. Ainda, de acordo com o delator, foi por conta de um desentendimento entre Riva e Rodrigues, que não teria recebido o valor combinado, que o advogado resolveu denunciar o acordo na sede do HSBC em Curitiba, o que gerou a instauração de inquérito policial para apurar os fatos. O lobista teve o mandado de prisão preventiva decretado, mas não foi localizado pelos agentes do Gaeco durante a Operação e segue foragido. 

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