O prefeito Wilson Santos, do PSDB; o deputado federal Carlos Abicalil, do Partido dos Trabalhadores, e o deputado estadual Walter Rabello, do PMDB, abriram quase que simultaneamente a “corrida eleitoral” de 2008. Não em forma de busca de votos, mas de apoio político-partidário que possam sustentar suas respectivas intenções. Há algumas semanas os três praticamente montaram agendas que tratam especificamente de reuniões de trabalho com líderes das siglas partidárias que não deverão ter candidatos. Há ainda um quarto nome, o do deputado estadual Sérgio Ricardo, do PR, atual presidente da Assembléia Legislativa, também buscando apoio – só que mais internamente.
Os três deverão, em verdade, protagonizar a disputa eleitoral de 2008 em Cuiabá – principal colégio eleitoral de Mato Grosso, onde as alianças partidárias tem bom reflexo nos demais municípios. “Pode ser que apareça um ou outro mais na disputa. Se isso ocorrer serão apenas alguns em início de carreira, podemos chamar de peões e que não vão fazer frente ao grande duelo” – disse um analista muito influente, ao comparar a sucessão de 2008 com um jogo de xadrez, em que os participantes vão precisar de muita paciência e perspicácia para entender o passo seguinte do adversário.
Dos três nomes, dois já são bastante experientes na disputa eleitoral. A começar pelo próprio prefeito – candidato natural a reeleição. Santos sabe como ninguém as varias variantes para vencer o jogo, ou melhor, a disputa. Na disputa de 2004, quando venceu, não era o favorito. “Ele imprimiu jogadas arrojadas, soube usar o relógio a seu favor e não intimidou com o grito das torcidas dos adversários” – explicou. Santos soube, em verdade, como manejar as pedras no tabuleiro político: conseguiu apoios importantes, como o do próprio Walter Rabello, na época vereador eleito com ampla margem de votos em função do apelo do seu programa de televisão.
Sempre de olho no advento da reeleição e com a máquina pública na mão, Santos negociou muito até aqui. É, disparado, aquele que mais articulou para 2008. Com o controle do PSDB, o político conseguiu já atrair parte do Partido da Democracia, o DEM, ex-PFL. A primeira ala a ceder em apoio foi a liderada pelo senador Jonas Pinheiro, que viu sua esposa, a ex-deputada Celcita Pinheiro, debaixo de muitas denúncias de transferência suspeita de verbas públicas do Orçamento para a Planam, uma das empresas símbolos da corrupção, vir ser resgatada para a vida política com o cargo de secretária de Bem-Estar Social. Os Pinheiro ficaram devendo para Santos.
Agora, a outra ala da sigla, liderada por Jaime Campos, sucumbiu também: o partido deverá indicar o nome do vereador Deucimar da Silva para ocupar uma nova secretaria na gestão de Wilson Santos. Além de espaço político, a manobra de Wilson ainda permite a entrada em cena da suplente Márcia Campos, irmã de Jaime Campos, debutando com vereadora em Cuiabá. O projeto DEM de Wilson Santos está prestes a ser consolidado. Mais que atrair os democratas, Santos “quebra” a espinha dorsal de uma aliança com o governador Blairo Maggi. O PR, dessa forma, fica distante da Prefeitura de Cuiabá. Em tese!
O Partido da República em Cuiabá, que tem em Sérgio Ricardo um nome para disputar a eleição, parece já ter traçado o seu destino: deve apoiar o nome de Carlos Abicalil, do PT, a prefeito. Deputado federal em segundo mandato, o petista já disputou a eleição para governador do Estado e encantou os eleitores com um discurso retórico e bem articulado. Ao contrário de outras siglas, o PT age ainda organicamente. O apoio do PR ao PT faz parte de uma estratégia política do governador Maggi visando as eleições de 2010. A aliança PT-PT deverá ser articulada também em diversos outros municípios, como Rondonópolis, base eleitoral de Maggi.
Levado ao PR pelo governador, Sérgio Ricardo, porém, ainda resiste. Contudo, é, dos três candidatos, o mais atrasado nas articulações. Antes de partir para entabular apoios eleitorais, o político precisa “vencer” dentro do PR. Isso significa enfrentar o governador Blairo Maggi, que é, nada mais nada menos, que o presidente nacional da sigla. Enfim, é certo que Ricardo troque de partido logo logo ou costure um entendimento político futuro.
Abicalil será um adversário difícil para Wilson Santos. Ainda mais se o prefeito não conseguir convencer o deputado Walter Rabello a abandonar sua pretensão de ser candidato. Aliados de Santos já sinalizaram ao deputado um entendimento em que ele seria candidato ao Senado em 2010. O canto da sereia parece, no entanto, não ter convencido Rabello, que vai buscando apoio por onde passa. O primeiro aliado de Rabello e do PMDB em Cuiabá para 2008 é o PP, partido do deputado estadual José Geraldo Riva e que se mostra forte para a disputa. Outros partidos menores poderão formar a composição do tabuleiro, dando mais força ao peso pesado Walter Rabello.