Durante o depoimento do empresário João Batista Rosa, delator da operação Sodoma, esta tarde, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal, os deputados estaduais Wilson Santos (PSDB) e Max Russi (PSB) divergiram sobre a delação premiada feita por Rosa. Segundo Max, embora a delação ajude nas investigações, ela deixa a impressão que as pessoas que aceitam se corromper não são punidas, pois logo fazem um acordo com a justiça.
"Todo recurso que foi desviado, tudo que foi fruto de corrupção tem quer ser devolvido aos cofres públicos, não pode devolver só uma parte, então você tem um benefício, por exemplo, de R$ 10 milhões, ai você devolve R$1 milhão, e outros R$ 9? Esse não é objetivo. A justiça não pode premiar isso", disse.
Sobre a quantia beneficiada pelo o empresário, Russi afirma que a CPI já pediu o levantamento e logo a Casa terá todos os números. "Como delator bacana, mas como vítima fica complicado".
Contrariando a opinião de Max, Wilson Santos destacou que, graças a delação do empresário foi possível chegar ao início da corrupção, qual resultou a prisão do ex-governador do Estado, Silval Barbosa (PMDB).
Santos diz ainda que vê Rosa como um extraordinário colaborador, pois teve coragem de denunciar e fez tudo amparado por Lei.
Para o presidente da CPI, Zé Carlos do Pátio (SD), a principal questão acerca da delação feita por João, é porque a queixa não foi feita anteriormente. "Não pode ser simplesmente um prêmio, agora não resta dúvida que a delação contribuiu, mas ele só fez porque a CPI estava fazendo as investigações, nós já tínhamos informações e dados".
Durante o interrogatório, o empresário se manteve calado. O silêncio foi autorizado pelo desembargador Alberto Ferreira de Souza, que permitiu também que o advogado dele, Huendel Rolim, pudesse intervir verbalmente quando fosse necessário.
"Não tem nada a ver com estratégia jurídica, todas as perguntas direcionadas ao meu cliente foram respondidas na sua colaboração, que já é de cunho público, ela já foi entre aos deputados, ele já contribuiu sim, de forma espontânea e voluntária", disse Holim.
Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE), “Silval Barbosa e seus comparsas arquitetaram ardiloso plano, visando forçar e vincular as empresas sobreditas ao pagamento de parcelas mensais, a título de propina, dos quais foram os beneficiários”. Ainda conforme o Ministério Público, o empresário João Batista Rosa, sócio das empresas teria sido vítima de extorsão praticada pela organização criminosa.
Além do ex-governador, também são réus os ex-secretários de Estado Marcel Souza de Cursi (Fazenda), Pedro Nadaf (Casa Civil), o ex-procurador do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cézar Corrêa de Araújo e a ex-assessora de Nadaf, Karla Cecília de Oliveira Cintra.