A CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados definiu as datas dos depoimentos do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, e do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot. Os dois depoimentos vêm sendo cobrados por integrantes da CPI.
Pagot, que falará no dia 28 de agosto, já havia declarado sua disposição de colaborar com a CPI. Ele deixou o Dnit em 2011, após denúncias de irregularidades e atribui a pressão pela sua saída ao grupo comandado por Cachoeira, que teria interesse de defender interesses da Delta no órgão. Em entrevistas Pagot disse que era procurado por partidos para captar doações ilegais com empreiteiras para campanhas políticas.
“Nós entendemos trazer inicialmente o Luis Antônio Pagot porque houve, da parte dele, algum tipo de declaração que envolvia a sua posição no Dnit com a empresa Delta, presidida pelo senhor Fernando Cavendish. Ao acusador cabe inicialmente o direito de se manifestar”, explicou o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
O depoimento de Cavendish, que estava marcado para o dia 28, será feito no dia 29. Apesar da convocação, Vital do Rêgo disse acreditar que o depoimento “pode não render tanto para a CPI”, já que o depoente ocupa posição de acusado e não de colaborador.
Na mesma semana dos depoimentos de Pagot e Cavendish, também serão ouvidos o empresário Adir Assad e o ex-diretor da Dersa, empresa responsável pelo desenvolvimento Rodoviário em São Paulo, Paulo Vieira de Souza. Assad, que será ouvido no dia 28, é apontado como agente usado pela Delta e outras empresas para lavar dinheiro. Já Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto deve falar no dia 29 sobre os contratos firmados entre a Dersa e a construtora Delta.
Sobre os depoimentos dos procuradores federais Daniel Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, que trabalham nos inquéritos relativos às operações Vegas e Monte Carlo, o presidente da CPI disse não ter definido se serão ou não secretos. A decisão deve ser feita pelo colegiado antes da reunião, marcada para o dia 22.
“Há parlamentares que entendem que esse tipo de depoimento, pela delicadeza e menções a determinados fatos que incidem no processo judicial, e serão determinantes para uma sentença, podem e devem ser colhidos em regime de sigilo. Se assim for necessário, haveremos de fazê-lo”, disse Vital.