domingo, 5/maio/2024
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Arcanjo não deve abrir jogo dos negócios de factoring com políticos

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A vida de João Arcanjo Ribeiro, o “Comendador”, apontado como o chefe do crime organizado em Mato Grosso, não é diferente dos presos dentro do cárcere, em Montevidéu, no Uruguai. Fisicamente ele continua o mesmo. Barba feita e cabelo baixo. As roupas agora são simples. E tem uma particularidade: hoje aparenta ser outra pessoa. Mais calmo, mais comedido, menos arrogante. Ele acredita que fica no Uruguai, mas joga com outras possibilidades, como até mesmo ter que sentar-se no banco dos réus da Justiça Federal de Mato Grosso. E se lá estiver, a estratégia está definida: vai se manter em silêncio.

A Justiça brasileira sabe que Arcanjo teria muito a esclarecer. Sobretudo nos seus negócios, com ênfase para o envolvimento no mundo político, empresarial e até mesmo nas incursões sociais. Mas se alguém estiver esperando depoimentos arrepiantes, na hipótese de ser executada a extradição, é bom ir mais devagar. Na mente de João Arcanjo Ribeiro, o que tinha que ser feito foi feito. “Não vou e não tenho que falar nada de ninguém” – disse. Arcanjo continua falando pouco e em baixo tom.

Em uma hora de conversa, o homem mais esperado da Justiça de Mato Grosso deixou bem claro que embora tenha sido acusado de um crime que não cometeu, nada poderia ter sido feito diferente. Consciência que ele adquiriu atrás das grades, com muita meditação. “Tudo o que ele quer agora é que as pessoas respeitem a individualidade, a liberdade e a privacidade da minha família” – diz, destacando principalmente sua esposa e filhos, que segundo ele, nada têm a ver com as acusações que fizeram contra ele. “Não guardo nenhum tipo de rancor de ninguém” – garantiu.

Arcanjo não gosta de falar sobre política, muito menos sobre o trabalho da Polícia Federal e da Justiça que o levaram à prisão. O assassinato de Domingos Sávio Brandão de Lima é, no entanto, a acusação que mais o incomoda. Ele diz esperar que as autoridades brasileiras continuem investigando o crime. E o indicativo de que o duro golpe aplicado pela Justiça brasileira em seus negócios, que atingiram diretamente seu modo de vida pessoal e familiar, o fez mudar vem com uma provação. “Se não foi você, você sabe quem foi”. Sério, Arcanjo é seco: não sei. E arremato: “Não faço idéia”. Muita gente acha que ele sabe.

E provavelmente sabe. Num determinado momento da conversa sobre o crime, João Arcanjo afirma esperar que as autoridades brasileiras investiguem a morte de Brandão e sugere até que a mesma linha de investigações feita contra ele, seja feita contra outras
pessoas cujos nomes ele garante desconhecer. Refinado nos negócios, o homem acusado de chefiar o crime organizado em Mato Grosso talvez esteja guardando no colete essa carta caso seja necessária. Até porque, por aqui, cada esquina sabia que no mundo da criminalidade Arcanjo conhecia e tinha informações como ninguém.

“A minha acusação foi muito óbvia. Por isso eu seria o mais imbecil dos homens se mandasse matar. Só que, a pessoa que mandou matar também sabia desse óbvio de que tudo recairia sobre mim, o que acabou acontecendo. Só que, apesar de tudo, eu ainda continuo acreditando nas autoridades brasileiras” – falou. Até aqui, falando ante a possibilidade de ser mandado de volta a Cuiabá pelas autoridades uruguaias, Arcanjo demonstra que vai agüentar sozinho o “arrocho”.

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