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Arcanjo diz que 5 deputados pegaram dinheiro do bicho e cita campanha de Dante

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Demorou mas aconteceu. João Arcanjo Ribeiro, acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso, enfim, começou a falar o que sabe sobre o submundo dos negócios financeiros envolvendo a classe política. Em depoimento prestado na manhã deste domingo ao delegado Tony Gean Barbosa de Castro, da Polícia Federal, dentro da Penitenciária do Pascoal Ramos, Arcanjo avalizou os vários depoimentos de Nilson Robeiro Teixeira, que cuidava dos negócios das suas factorings, ou seja: dinheiro para campanha de Dante de Oliveira – sem citar o nome do senador Antero de Barros –, negócios com o Governo, deputados e Assembléia Legislativa.

Arcanjo, em verdade, acrescentou pouco daquilo que já se sabia sobre financiamento de campanha em Mato Grosso: confirmou, de fato, era um dos grandes patrocinadores poderosos de políticos influentes. Evidentemente, tudo para receber depois com juros e correção ou ainda, possivelmente, com previlégios, que garantiam alguns de seus negócios, como as próprias operações ilegais das factorings, fugindo da regra de fomento, ou ainda do jogo do bicho, atividade que deveria ser clandestina, mas que estava a pleno vapor com barraca fixa e tudo mais em praticamente todo Estado.

Do que disse à Polícia Federal, nada salta mais aos olhos: confirmou os negócios de dinheiro com Dante de Oliveira para a campanha eleitoral, apontou quem eram os operadores do então governador, no caso, Carlos Avalone, ex-secretário; e José Carlos Novelli, ex-diretor do DVOP; relembrou o começo do estreitamento das relações com o grupo político do então governador; deteve-se em boa parte a confirmar os negócios com a Assembléia Legislativa e seus dirigentes de então, José Riva (PP) e Humberto Bosaipo (PFL), reclamou que ainda tem R$ 15 milhões a receber, ainda a serem corrigidos; mencionou nomes de alguns outros políticos que teriam feito fomento mercantil, mas em nenhum momento foi incisivo, disposto, mostrando poucos detalhes.

“Ninguém ia à minha factoring procurar por Arcanjo. Eles iam procurar o Nilson” – disse, ao destacar as poucas vezes que falou com os políticos. A rigor, nesse depoimento, Arcanjo notabilizou-se pelo comportamento, uma alteração substancial no seu repertório de falar à Justiça e também para a Polícia. De silêncio quase sepulcral a cada vez que era para ser ouvido, passou a falar, sempre usando o jeito calmo e tranquilo. E na primeira oportunidade que teve para expôr negócios, não pensou duas vezes. Mesmo que tivesse pouco a acrescentar. Na única vez que foi além, mencionou a possibilidade de fazer provas com cheques trocados em sua principal empresa de “fomento”, a Confiança Factoring.

Com várias condenações por porte ilegal de arma, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, crimes de homicídios, entre outras tantas tipificações penais, o depoimento de Arcanjo e o seu conteúdo básico apenas deixou evidente uma linha de defesa, qual seja, a de mostrar que é inocente em muitas das acusações. Em outras palavras, o que é plenamente palpável, como os indícios de irregularidades fiscais e financeiras, serão admitidas com reservas; crimes como a morte do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima, dono do jornal “Folha do Estado”, entre outros, ao qual lhe são imputados, serão negados sob silêncio ou produção de provas.

“O senhor Arcanjo confirmou o que a imprensa já tinha revelado sobre financiamento político” – disse o delegado, ao deixar a Penitenciária do Pascoal Ramos. “Arcanjo não desmentiu as informações que o Nilson Teixeira nos repassou. Apenas ele não tem muitos detalhes”. O delegado federal não esconde que saiu um pouco frustrado da audiência com Arcanjo e que esperava mais. Mas disse que o depoimento do comendador não é a peça chave embora vai enriquecer o que já tem. “Este depoimento vai fechar com o depoimento do Nilson” – ressaltou.

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