Os policiais militares José Angêlo de Almeida e Ocean Cordeiro da Silva foram condenados em Barra do Garças por roubo e formação de quadrilha, além de perderem os cargos públicos. O primeiro foi setenciado a 11 anos e dez meses de reclusão. O segundo, a sete anos e nove meses. À pena de José Angêlo inclui prática de concussão (extorsão praticada por funcionário público). A determinação do juiz Otávio Vinicius Affi Peixoto segue orientação de denúncia do Ministério Público Estadual formulada pelos promotores de Justiça Luciana Rocha Abrão David e Tiago de Sousa Afonso da Silva.
De acordo com a denúncia, os réus aproveitaram-se da condição de militares para cooperar com o roubo ao Mercado Vendão, em agosto de 2005 na Vila Itaquerê, município de Novo São Joaquim (485,2 quilômetros de Cuiabá). Os executores do crime foram Raimundo Nonato Silva dos Santos e um adolescente. O juiz concedeu perdão judicial à Raimundo como recompensa à contribuição dele (delação) no desenrolar da investigação. Já o jovem cumpriu medida sócio-educativa.
O promotor Tiago Silva explica que, naquele dia, Raimundo e o adolescente chegaram ao Mercado Vendão numa motocicleta furtada na região de Querência. Escolheram aquele dia porque tinham conhecimento prévio sobre a rotina do estabelecimento por meio de informações repassadas pelo policial José Angêlo. Armados, renderam os funcionários do local e o motorista do caminhão da distribuidora. Saíram de lá com mais uma moto da empresa, além de R$ 455,75, cheques e vários produtos do mercado.
Segundo o documento, as armas foram entregues por José Angêlo e Ocean no dia anterior. José Angêlo, que tinha relação de amizade com Raimundo, também foi condenado por ser mentor intelectual do assalto. O documento diz ainda que os policiais planejaram o roubo para posteriormente devolverem as mercadorias para a vítima. Assim, esperavam receber recompensa em dinheiro pelo ‘sucesso da operação’. O promotor explica que o PM inclusive ajudou os assaltantes na fuga. Teve oportunidade de reconhecer Raimundo, quando ele foi detido em um vilarejo próximo ao Mercado Vendão. Mas, na ocasião, mentiu dizendo ter certeza que não se tratava do assaltante.
O MPE ainda acusa José Angêlo de tomar dinheiro de um dos funcionários do estabelecimento sob ameaça de prendê-lo por porte ilegal de arma. No entanto, explica o promotor, o revólver foi apreendido na casa do empregado durante a campanha do desarmamento, quando o cidadão podia entregar as armas ao governo e ser indenizado por isso. A denúncia diz ainda que ele seria mandante de ameças sofridas pelas vítimas, com o objetivo de desestimulá-las a prestar declarações em juízo.