Mato Grosso entra oficialmente no crime organização com a infiltração de organizações criminosas implantadas dentro das principais casas de reclusão do Estado, de onde saem as ordens, via telefone celular, para a realização de assaltos e seqüestros. A finalidade das organizações é levantar dinheiro para a compra de armas pesadas.
Hoje, representantes da Polícia Federal, da Polícia Civil e do Sistema Penitenciário admitiram, pela primeira vez as denúncias que já vinham sendo feitas há muito tempo pela imprensa de que os bandidos vinham comandando crimes de roubo, sequestros e, inclusive assassinatos de dentro das penitenciárias.
Foi graças à interceptação telefônica que a Polícia Federal, com apoio da Polícia Civil descobriram que o assaltante Fausto Fernandes Durgo Filho, o “Faustão”, preso no ano passado, envolvido no milionário assalto a Vivo Celulares, de onde foram roubados mais de 1500 aparelhos de alto custo, comandou o assalto à agência da Caixa Econômica Federal (CEF) no dia três do mês passado, de dentro da Unidade Prisional de Pascoal Ramos (penitenciária), onde ele está preso.
No assalto à CEF, foram roubados R$ 195 mil e ainda deixou um rastro de violência de três pessoas feridas: uma cliente sem gravidade, dois seguranças bancários – os dois seguranças ficaram em estado grave e continuam hospitalizados – e uma pessoa que morreu dias depois.
No roubo da Caixa cometido por uma quadrilha de cerca de 12 a 14 assaltantes, foi baleado o bandido Márcio Márcio Mário da Silva, a “Lão”, de 22 anos, que foi a óbito quatro dias depois no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC).
Além do roubo da Caixa, os bandidos planejavam assaltar uma joalheria na Grande Cuiabá, uma agência bancária em Tangará da Serra e ainda realizariam um seqüestro, possivelmente na Capital. O planejamento dos crimes foi confirmado na manhã de hoje pelo delegado Ramon Almeida da Silva, da Polícia Federal que chefia as investigações do assalto à agência da CEF.
“O assalto foi planejado dentro da penitenciária de Pascoal Ramos. Nós interceptamos as ligações telefonias e descobrimos, não apenas quem estava envolvido no roubo à Caixa, mas também nos planejamentos de outros roubos e até de um seqüestro. Não sei porque eles não concretizaram os planos, só que nós estávamos atentos”, afirmou o delegado Ramon, que confirmou ainda: “Acreditamos que a quadrilha estava levantando fundos para comprar armas ainda mais pesadas para cometer assaltos ainda mais audaciosos”.
No assalto à Caixa a quadrilha usou três carros: um Vectra, um Corolla e um Astra, além de revólveres de calibre 38 e pistolas de calibres 380 e ponto-40.