O ex-diretor de Veículos do Detran (afastado das funções desde o ano passado) Dakari Fernandes Tesmann, e o preposto de despachante, Mário Roger Mancuso, presos respectivamente em Guarantã do Norte e Matupá, chegam hoje a Cuiabá e devem ser ouvidos amanhã na Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública, localizada na sede da Secretaria de Fazenda.
De acordo com as investigações da Delegacia Fazendária, eles estariam envolvidos em um esquema – desarticulado na última terça-feira (06), na Operação Metamorfose, em Mato Grosso e Goiás -, para fraudar documentos por meio do Departamento Estadual de Trânsito. Seis mandados de prisão temporária (pelo prazo de 05 dias) foram pedidos pela Delegacia Fazendária, sendo um deles indeferidos pela Justiça. Na terça-feira, o delegado Wylton Massao Ohara esteve em Iporá, no Estado de Goiás, onde efetuou a prisão do empresário Noésio Peres da Costa. O empresário contou como se operava o esquema.
Segundo a delegada Luzia de Fátima Machado, titular da Delegacia Fazendária, as prisões foram necessárias neste momento das investigações para que a polícia possa descobrir outros possíveis integrantes do esquema. As informações levantadas pela Delegacia Fazendária apontam que os valores obtidos com as fraudes somam R$ 907.684,00. Os prejuízos financeiros atingem principalmente bancos e financeiras, e não é proveniente dos cofres públicos.
O golpe, segundo investigações da polícia, consistia em comprar pequenas carretas, de um eixo, com capacidade de carga entre 200 a 350 kg, conhecidas como “carretinhas para transporte de barcos” de uma empresa de Goiás, da marca Rondon, e com o auxílio do despachante e o aval do ex-diretor do Detran, fraudar o documento desses pequenos veículos no sistema do Detran, de forma com que eles se tornassem, pelo menos nos documentos, carretas de grande porte, ou seja, veículos tipo reboque, de três eixos.
Depois disso, os papéis eram repassados para outras pessoas, que solicitavam financiamentos em agências bancárias. A documentação falsa fazia com que os bancos concedessem grandes quantias para os investigados, tendo como garantia os veículos, que na verdade não existiam. Com o não pagamento do financiamento, o prejuízo seria apenas das instituições bancárias.
Dos mais de 100 documentos checados no sistema do Detran, 14 deles apresentavam a mesma forma de adulteração. Segundo o corregedor do Detran, Juliano Muniz Calçada, a fraude começou a ser investigada a partir de uma denuncia anônima, feita no ano passado, entre os meses de junho e julho. “Nos dois meses seguintes algumas providências foram tomadas e iniciou-se a checagem nos sistemas do Detran”, explicou ele. Uma perícia técnica indicou a pessoa dentro do Detran responsável pelas adulterações no sistema, que eram feitas – até onde se sabe -, em horários normais de expediente.
A polícia não descarta a existência de mais membros do bando em outros estados e até mesmo em Mato Grosso e acredita também que a semelhança do nome das carretas, marca Rondon, com as carretas de três eixos da marca Randon, tenha facilitado a fraude.
As três pessoas que foram presas – duas em Mato Grosso e uma em Goiás – e mais um, Alessando de Souza Rodrigues, que continua sendo procurado em Goiás, são acusadas de formação de quadrilha (artigo 288 do Código Penal, que prevê reclusão de 01 a 03 anos), e também de inserção de dados falsos em sistema de informação (artigo 313-A do Código Penal, com pena prevista de reclusão de 02 a 12 anos, e multa).