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Um dia a menos

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Os prefeitos eleitos ou reeleitos em 2004 chegam a uma fase importante e decisiva de seus atuais mandatos. De primeiro de janeiro de 2005 até 31 de dezembro próximo, eles contavam um dia a mais no exercício do cargo. A partir do próximo reveillon, passam a contar um dia a menos, uma vez que se inicia, automaticamente, a preparação para a próxima eleição.

A metade do mandato deve servir como ponto crucial de avaliação daquilo que deu certo, do que deu errado, do que não saiu do papel, do que foi engavetado, do que surgiu imprevistamente, sem o planejamento, mas que foi providencial, etc. Adequar projetos, reformular metas, reavaliar o contexto exterior e o ambiente interno.

Sobretudo depois do maior escândalo desse ano, o caso sanguessuga, a relação institucional dos municípios com os demais entes da federação, em especial estados e União, e seus órgãos subordinados, deve ser um ponto essencial.

Os prefeitos são acossados nas duas pontas do processo. Na base, vivem a pressão da municipalidade pelas demandas locais, seja obras, ação social, mercado, etc. O prefeito, a rigor, é o líder do chamado poder local, e como tal, é sobre seus ombros que recaem todos os problemas do país, porque, afinal, todos os entes políticos se materializam no município.

Na outra ponta vive também a pressão da casta intermediária da administração pública que, afeta em geral à Lei de Gerson (ou o Jeitinho Brasileiro, sobre o qual já dissertei neste espaço em oportunidades pretéritas), tenta tirar seu proveito pessoal em cima dos benefícios que estavam direcionados para os cidadãos, nos municípios.

O caso sanguessuga é um bom exemplo disso na medida em que criou o ambiente apropriado para a corrupção. Ontem mesmo testemunhei um grupo de prefeitos desesperados porque num determinado órgão da administração pública federal essa referida casta já enviou seus mensageiros para dizer que verbas orçamentárias devidamente direcionadas aos municípios poderão não ser liberadas, embora já licitadas e empenhadas, se o Papai Noel não encher suas meias.

O que faz o prefeito num caso desses? Se recusar o achaque fica sem verba. Se aceitar compromete-se com a roubalheira e, sobretudo, compromete o desempenho de sua administração, já que vai chegar menos dinheiro que o previsto para a execução de obras e políticas públicas.

É esse o contexto e essa é a responsabilidade do prefeito Cidinho, reeleito ontem para mais dois anos como presidente da AMM. Comandar uma categoria de políticos que sofre naturalmente essa pressão de cúpula e de base, e que ainda tem que repensar totalmente suas administrações nessa contagem regressiva que se inicia a partir de primeiro de janeiro, vai exigir visão estratégica aguçada.

Ajudá-los a entender esse momento decisivo já será uma boa contribuição. Aglutiná-los na busca de soluções perenes para essa crise de relação institucional, entretanto, será a principal tarefa. E para levá-la a efeito precisará contar com a colaboração e a parceria das instituições políticas em geral, das diversas esferas de poder, dos vereadores aos deputados federais e senadores, passando pelos deputados estaduais, secretários de Estado, governadores, , enfim, porque todos eles, forçosamente, só existem para garantir a melhor prestação de serviços possível à mesma pessoa: o cidadão.

Kleber Lima é jornalista e consultor de comunicação da KGM SOLUÇÕES INSTITUCIONAIS
[email protected]

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