Chegamos ao final de mais uma consulta junto à comunidade da Universidade Federal de Mato Grosso sobre a escolha da nova reitoria para conduzir a instituição nos próximos quatro anos. Mais uma vez o nosso processo de escolha democrática foi garantido.
Quero aqui externar minha satisfação por ter sido a escolha da maioria e fica aqui o meu compromisso reafirmado em realizar uma gestão para todos, sempre visando os interesses maiores da universidade.
É com muita responsabilidade que iniciarei essa nova etapa de minha vida nessa instituição que me acolheu desde o primeiro momento. Cheguei à UFMT com 21 anos de idade, recém-graduada e quando a instituição tinha apenas dois anos de existência. Hoje, 40 anos depois, me orgulho de fazer parte da história dessa instituição na condição de reitora, que tem como uma de suas responsabilidades a busca de uma definição coletiva de princípios e diretrizes para as políticas institucionais, além do delineamento também coletivo de programas de gestão.
Seguirei, revigorada, buscando consolidar o processo de expansão da UFMT. A criação de novos cursos continuará sendo uma meta, concomitantemente com a consolidação dos existentes, garantindo a qualidade no ensino e sempre perseguindo a excelência como meta maior.
A democratização do acesso será um aspecto central em nossas ações. O Brasil atende apenas 14% de sua juventude no ensino superior. Para se tornar um país desenvolvido e à altura do lugar que cada vez mais está chamado a ocupar no mundo atual, precisa atingir níveis como os de Argentina e Chile, com uma média de 30% dos jovens no ensino superior, ou da Coréia do Sul e dos Estados Unidos, que têm em torno de 70% dos seus jovens no ensino superior.
Esse também é um dos grandes desafios das universidades brasileiras e nós, da UFMT, já demos os primeiros passos com o Reuni (Programa de Reestruturação das Universidades Brasileiras), criado pelo governo Federal para assegurar a expansão do ensino superior.
Democratizar o acesso à universidade significa levá-la até aqueles que, a rigor, sempre foram excluídos dessa possibilidade. A aprovação das nossas políticas afirmativas, com as cotas para as escolas públicas tem essa dimensão, assim como a cota para os negros. Defendi no Conselho de Ensino e Pesquisa a adoção de tais políticas por entender que em nosso país persistem profundas desigualdades sociais e que só serão resolvidas com vontade e determinação daqueles que detêm algum poder de decisão. Insere-se também nesse contexto o programa Proind – Programa de Inclusão Indígena – que possibilita aos indígenas o acesso a nossa universidade.
A UFMT tem como missão principal a formação integral de profissionais em diversas áreas, competentes tecnicamente e socialmente responsáveis, contribuindo, dessa forma, com o pleno desenvolvimento de nosso Estado e nosso país.
Reconhecemos, eu e o vice-reitor eleito, professor João Carlos de Souza Maia, que existem problemas em nossa universidade. Vivemos um processo de construção do novo e não existem soluções prontas para tudo. Mas temos a determinação de enfrentar esses problemas e buscar soluções consensuais e criativas, sempre tentando garantir o que for melhor para todos. Nesse exercício democrático, dialogaremos com os técnicos administrativos, com os professores e com os alunos para construirmos juntos as melhores soluções.
Em nosso programa para a nova gestão, o “Caderninho Verde”, como gosto de chamá-lo, expressamos as metas que buscaremos atingir. Trata-se, antes de tudo, de uma elaboração coletiva em que foram ouvidos todos os segmentos da comunidade universitária. Como na primeira gestão, ele será o norteador das nossas ações.
Por fim, agradeço o apoio e o carinho de todos que acreditaram em nossas propostas, a cada técnico administrativo, a cada professor e cada aluno. E quero que tenham na minha pessoa alguém em quem possam buscar o mais amplo diálogo. Tenham a certeza que precisarei de todos na construção do sucesso dessa nova gestão. Estendo esse convite para o diálogo aos que não me apoiaram, pois a universidade pertence a todos e é a minha função representá-los bem.
Sempre apoiei as grandes reivindicações desses três segmentos, entendo como legítimas e importantes as demandas das organizações sindicais e estudantis, pois essas entidades são construtoras da universidade. Por isso, reafirmo aqui a minha disposição para o diálogo e apoio às lutas, pois são lutas por uma universidade melhor.
A UFMT é você, somos todos nós!
Maria Lúcia Cavalli Neder é reitora reeleita da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).