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Tem um boqueirão, companheiro!

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Diz à lenda que num certo dia do ano passado o ex-prefeito Roberto França chamou um amigo seu – pré-candidato a deputado estadual, mesmo cargo que França disputaria este ano – para convencê-lo de que as melhores chances para quem quer se eleger a um cargo proporcional em 2006 são para deputado federal, e não para estadual. No meio da conversa, bem ao seu estilo contundente, França teria dito ao interlocutor: “Tem um boqueirão para federal meu companheiro. Larga dessa sem-graçeira de estadual”.

A primeira vez que ouvi essa história logo conclui que o prefeito espertamente queria retirar um amigo da condição adversário para estadual, aumentando sua própria votação, e deixando o outro aventurar na disputa pela Câmara Federal.

Possa ser, como dizem os nordestinos. Mas, hoje, sou obrigado a concordar com o ex-prefeito. Uma análise fria e desapaixonada dos nomes conhecidos já colocados para a disputa de federal até o momento, e também do desempenho dos eleitos nos últimos anos, mostrará que de fato Cuiabá não tem um nome que empolgue os eleitores para aquele cargo.

A última votação francamente expressiva de deputado federal obtida em Cuiabá foi exatamente de Roberto França, em 1994, quando foi o federal mais votado do país proporcionalmente, com mais de 108 mil votos.

Antes dele, Dante de Oliveira havia conquistado uma votação igualmente expressiva na Capital, embora inferior à de Roberto e insuficiente para elegê-lo, por causa do famoso quociente eleitoral.

Já nas eleições de 2002, o mais votado em Cuiabá foi Carlos Abicalil, com cerca de 50 mil votos, seguido de Wilson Santos, na faixa dos 40 mil.

Entre os nomes que deverão disputar esse ano, Dante de Oliveira pode capilarizar o voto do cuiabano, mas ainda falta muita gente para explorar os mais de 350 mil votos da Capital, dos quais pode-se estimar pelo menos 250 mil votos bons (nominais e de legenda).

De fato há um boqueirão para deputado federal nas eleições deste ano, sobretudo em Cuiabá e Várzea Grande. Agora, para conquistar esses votos, ocupar esse espaço, não basta ser cuiabano tampouco domiciliado em Cuiabá. Precisa-se, sobretudo e fundamentalmente, tornar-se um legítimo representante da cidade.

Kleber Lima é jornalista, consultor político credenciado pela ABCOP (Associação Brasileira dos Consultores Políticos) e consultor de comunicação da KGM [email protected]

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