Não se discute mais economia, políticas sociais e políticas ambientais no mundo, no Brasil, em Mato Grosso e, em especial, nesta região de entrada da Amazônia como Sinop, sem levar em conta a sustentabilidade. O termo surgiu depois da Eco-92 no Rio de Janeiro, como uma resposta ao grande desafio mundial de equilibrar o desenvolvimento econômico com o capital, os recursos naturais e os recursos humanos. Naquele momento o planeta Terra já dava alguns sinais de cansaço pelo uso superintenso de seus recursos naturais, para construir uma civilização econômica.
Claro que um simples conceito não mudaria tudo isso de imediato. Mas serviu como um ponto de partida dizendo claramente à economia do mundo que as coisas não podiam mais ser como antes. Muitos comportamentos novos surgiram desde então, e Sinop, assim como toda a região do Norte, do Médio Norte e do Noroeste de Mato Grosso foram muito penalizadas com operações policiais e uma forte disseminação de informações muito ruins sobre a economia regional, por conta do modelo econômico agrícola, pecuário e florestal.
Esse tipo de exagero faz parte dessa dinâmica de substituição de modelos de desenvolvimento econômico. Muita gente sofreu, muita gente pagou caro, muita gente desistiu, muita gente foi penalizada. Mas há uma didática nisso tudo. Dizem que a dor ensina a gemer. Hoje as mudanças de conceito são fantásticas e claramente visíveis.
Nesses dias 27, 27 e 28 de abril de 2012, Sinop é sede de uma iniciativa extraordinária: o I Fórum de Sustentabilidade, voltado para uma Amazônia mato-grossense social, econômica e ambientalmente legal. É um evento que reúne pelo menos 20 entidades locais e regionais, algumas com alcance estadual, sob a coordenação da Codenorte, envolvendo instituições empresariais, sindicais, sociais, educacionais, políticas, e a prefeitura de Sinop. É uma iniciativa de grande coragem, porque seguramente ajudará a montar uma organização coletiva de Sinop e da região, de modo que no futuro jamais se repitam operações policiais ou políticas. O que o fórum oferece é a formação e consolidação de uma consciência de sustentabilidade regional.
Melhor ainda, é que como Sinop está na transição do cerrado para a Amazônia, a construção de uma consciência de sustentabilidade sinaliza a Mato Grosso, ao Brasil e ao mundo, que aqui nasce a garantia de uma civilização sustentável aproveitando todo o imenso potencial econômico regional nas áreas da agricultura, da pecuária, da base florestal, industrial e de serviços, num momento em que o país e o mundo buscam vias alternativas. Isso mata aquelas lembranças do passado, e cria uma nova consciência regional. Possivelmente, num futuro próximo, depois de consolidada essa nova posição, se houver uma nova operação de fiscalização, ela se fará numa mesa de negociação, envolvendo as forças que representam a sustentabilidade regional, e não mais através do uso de forças policiais armadas.
Sem querer abusar do termo, esses três dias são, de fato, um momento histórico de Sinop e dos municípios da região Norte e um exemplo pioneiro para Mato Grosso.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso e moderador das palestras no I Fórum de Sustentabilidade de Sinop
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