Acompanhei de perto, aqui em Brasília, os dias difíceis por que passou o prefeito Nilson Leitão. Foi como estivesse vendo um mesmo filme pela segunda vez.
Desta feita, por estar do lado de fora, pude avaliar com mais serenidade os acontecimentos.
Nilson foi arrancado de sua casa e submetido a um tratamento cruel diante da esposa e dos filhos pequenos. Durante todo o período em que esteve detido sob a guarda da Polícia Federal, sofreu toda a sorte de humilhações injustificadas. A certeza que se tem é que o método utilizado pela PF é destruir por completo a auto-estima das pessoas.
Estive com ele na sua saída e acompanhei-o ao aeroporto para o embarque no vôo que o levaria de volta a Mato Grosso, a Sinop.
O Nilson que encontrei não lembrava, um instante sequer, a figura alegre que todo Mato Grosso conhece e admira. Era um cidadão humilhado, estraçalhado por dentro e que ao olhar nos olhos das pessoas mostrava a sua fragilidade e parecia querer dizer com o olhar que estava morrendo de vergonha com o acontecido. E, com certeza, perguntava-se e ainda se pergunta: Será que vale a pena? A mesma pergunta que também me fiz inúmeras vezes quando fui para o “olho do furacão” da Operação Sanguessugas.
Vi, nesse episódio, não só o prejuízo pessoal que ele teve. Sua honra e sua história foram jogadas na lama. Sem qualquer direito a defesa. Um prejuízo, enfim, que não é só dele, mas também da imagem de Sinop.
O que me causa mais espanto e indignação nisso tudo é o sentimento que toma conta de uma minoria. A minoria que sempre aposta no quanto pior, melhor ficará. Lamentável.
É impressionante como algumas pessoas se aproveitam de um episódio desses para satisfazer seus piores instintos. Não avaliam que Sinop pode enveredar para uma crise político-institucional que poderá levá-la ao fundo do poço. Quero lembrar aqui de outros municípios, aqui mesmo em Mato Grosso, que até hoje não conseguiram superar as dificuldades causadas pela vaidade e obsessão de pessoas pequenas, cujas ações atingem o coração do desenvolvimento de um município.
Lembremo-nos de Tangará da Serra, de Chapada dos Guimarães, Peixoto de Azevedo, de Rondonópolis que levou anos e anos para voltar à estabilidade.
Aceitar que as pessoas sejam condenadas pela imprensa, com vazamento irresponsável de fatos sem qualquer comprovação e aproveitar-se desse expediente para lutar pela desestabilização política do município, é contribuir para impedir que o volume de recursos que para aí já estão destinados – e não são poucos – que proporcionarão melhoria da qualidade de vida da população. Pior: contribuir, ainda, para que outros também não sejam destinados.
Centro de Eventos, iluminação do aeroporto, esgotamento sanitário, água tratada e tantas outras obras importantes para o desenvolvimento de Sinop que correm sério risco de paralisação.
Acho que a hora é de serenidade. É hora de baixar as armas e, unidos, todos busquem continuadamente a consolidação do progresso. Vamos aguardar o resultado das investigações. Vamos aguardar o julgamento. E, até lá, tenhamos um mínimo de consciência em dar ao prefeito o que cada de nós temos o direito e gostaríamos de ter: respeito e reconhecimento por uma história dedicada a essa cidade;
Não tenho a menor dúvida da isenção do Nilson nessa barbárie a que foi submetido. Julgá-lo por antecipação, sem qualquer prova e sem direito a defesa, é instrumento que demonstra a pequenez de intenções daqueles que colocam a sordidez de interesses pessoais escusos em prejuízo de toda uma cidade.
* Ricarte de Freitas: ex-parlamentar estadual e federal por Sinop e por Mato Grosso.