O mais novo trabalho de animação do diretor brasileiro Carlos Saldanha é admirável. “Rio” (2011) é um filme tecnicamente bem realizado e bonito. Sites especializados em bilheterias de cinemas, mundo afora, apontam o sucesso financeiro da mais nova realização do diretor carioca radicado nos Estados Unidos. Isto mostra mais uma vez o acerto do brasileiro em seu projeto.
Conhecido por seus sucessos anteriores como a franquia “A Era do Gelo” (Ice Age) – da qual sou fã, Saldanha deixou o mundo pré-histórico para contar a façanha de uma arara azul macho, o último de sua espécie (é o que diz o filme). Ainda bem filhotinho, ele é capturado por traficantes de animais silvestres e vai parar nos EUA. Encontra uma dona caridosa que lhe dá comida, amor e carinho por longos quinze anos.
Até que um ornitólogo aparece para levá-lo de volta ao Rio. O intuito do estudioso é promover o acasalamento entre o macho e a fêmea, na tentativa de perpetuar a espécie. Resumindo, a fêmea não dá bola para o macho, ambos são sequestrados por novos ladrões de animais silvestres, são obrigados a ficar juntos devido a uma corrente, passam por grandes aventuras até começarem a gostar um do outro e etc, etc, etc.
A animação não é ruim. Muito pelo contrário, é boa. Mas somente isso. Não passa disso. Ri muito em alguns momentos. Particularmente devido às dublagens de artistas fantásticos como Guilherme Briggs (a voz da cacatua), Alexandre Moreno (a voz do canário) e Mauro Ramos (a voz do cardeal). Com interpretações nada menos do que primorosas, eles fazem com que algumas cenas sejam hilariantes. Como não rir muito com a cena do bonde elétrico quando o canário, o cardeal e também o tucano tentam “fazer o clima” para as araras.
No entanto, a história contém uma falha que prejudica (um pouco) o filme. Como se trata de um tema sério, como o tráfico de animais silvestres da fauna brasileira e que causa justamente a extinção de espécies como a da arara azul da animação, o desfecho ficou simplório. Talvez não fosse a intenção do diretor fazer um filme denúncia, já que é uma animação para divertir, contar uma aventura que se transforma em um romance. Porém, como ele criou uma história justamente por este “gancho”, o desfecho ficou pouco adequado.
Ao final do filme, parece que faltou algo. Por mais que os bandidos se deram mal, fica uma sensação de que eles ficaram impunes perante a lei. Lembra algum fato aqui no nosso país?
Apesar disto, merece ser visto e apreciado com o intuito pelo qual foi feito: divertir!
Alex Fama é jornalista, editor de Só Notícias e fã de filmes de animação