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Quantas vidas vamos perder para que haja a volta dos cobradores de ônibus em Cuiabá?

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Quantas vidas mais serão perdidas para que o poder público tome providências e determine a volta dos cobradores em Cuiabá? Este é o questionamento apontado após o trágico desfecho de uma discussão dentro de um coletivo da capital nesta última sexta-feira (12). De acordo com a Polícia, um passageiro começou a discutir com o motorista de ônibus após o seu cartão transporte não liberar a roleta, ao testemunhar a discussão, um outro usuário do coletivo discutiu com o portador do cartão que não passou na roleta. Este por sua vez, pulou a catraca e esfaqueou o homem que entrou no debate e destruiu o futuro de um trabalhador dando fim a sua vida.

Uma série de questionamentos são possíveis com base neste triste episódio corrido na linha do ônibus que passava no bairro Lixeira: segurança pública, problemas no leitor da catraca do coletivo, desvalorização da vida do próximo, mas a falta dos cobradores nos ônibus de Cuiabá é um dos problemas mais latentes. Claro que não podemos afirmar que um cobrador impediria uma discussão ou resolveria o problema deste acontecimento, mas pensemos no início de tudo.

A discussão começou entre o passageiro e o motorista do ônibus. Já é sabido pelas normas de segurança, que conversas com o condutor do coletivo não são recomendáveis, pois este deve se dedicar em dirigir o veículo e preservar as vidas que estão sendo levadas. Imaginemos agora este profissional ter que discutir com outra pessoa por causa de problemas de cartão transporte, a ponto de uma terceira pessoa ter que intervir na discussão.

A morte do jovem trabalhador de 37 anos que deixou a família, é um dos tristes acontecimentos envolvendo os coletivos. Será possível que ônibus têm que cair de viadutos, como foi o fato ocorrido no Rio de Janeiro em abril deste ano com a morte de sete pessoas após a discussão do motorista com um passageiro para que a Prefeitura determine o retorno imediato dos profissionais? E as empresa, será que vão manter a ganância de multiplicar seus lucros e colocar vidas em risco diariamente?

A Câmara de Vereadores de Cuiabá vem dizendo o que o Ministério Público já dizia desde o ano passado, que motoristas de ônibus não podem exercer dupla função. E diga-se de passagem, dialogar com passageiros era a função dos cobradores que davam informações e conversavam com os usuários, além de fazer o recebimento das passagens. Já não basta as condições de trabalhos destes profissionais que conduzem os coletivos, agora se preocupam em ter que resolver discussões dentro do ônibus e presenciar tragédias por estarem sozinhos.

Tragédias podem sim ser evitadas com o retorno dos cobradores, vidas podem sim ser preservadas com a volta dos profissionais que ajudam no desembarque de passageiros. Quantas pessoas já ficaram em risco aos descer do ônibus e ter a porta fechada durante a saída? Quantas perderam a vida? Nossos idosos sofrem com o temor de ficar preso na porta, deficientes tem dificuldades em usar o transporte por não conseguirem entrar e sair com segurança dos ônibus. Estas são uma das implicações da falta dos cobradores, entre inúmeras sofridas diariamente pela população cuiabana.

Como presidente da Comissão de Trabalho da Câmara de Cuiabá, não pude me calar diante deste triste episódio ocorrido na última sexta-feira (12). A justiça deve ser feita em todos os sentidos, a vida do trabalhador foi perdida por causa de uma simples catraca de ônibus. Nossas vidas custam muito mais do que os lucros das empresas, queremos os cobradores de volta, queremos que vidas sejam preservadas e ações conjuntas implementadas para que famílias não fiquem órfãs por causa da omissão do poder público. A liberação da catraca do coletivo não custou apenas o valor da passagem de ônibus para aquele trabalhador assassinado, custou infelizmente a sua vida.

Arilson da Silva é presidente da Comissão de Trabalho da Câmara de Cuiabá e vereador do Partido dos Trabalhadores

 

 

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